Coletivo de Mulheres da Fisenge se reúne em Curitiba

Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp
Share on email

Engenheiras de 12 sindicatos da categoria se reúnem neste sábado (15) na sede do Senge Paraná, em Curitiba, para a reunião nacional do Coletivo de Mulheres da Fisenge. São 11 estados representados, de Norte a Sul do Brasil. O encontro ocorre ao longo de todo o dia, sob a coordenação da diretora da mulher da Fisenge, a engenheira Simone Baía.

Na abertura do encontro, o presidente do Senge-PR, Carlos Bittencourt, frisou o esforço do sindicato em avançar na paridade de gênero na diretoria da entidade. “Uma das premissas para montar a nova chapa era buscar mais mulheres e jovens para compor a direção. Foi uma aposta muito grande, por ter sido uma busca por renovação”, explica Bittencourt, se referindo à eleição para a nova diretoria do Senge, realizada em maio.

E o esforço deu resultado prático: a nova diretoria passou a ter 29% de engenheiras, num total de 23 mulheres na direção estadual. Das sete regionais do Senge-PR, duas tem presidência de mulheres. O percentual ganha força quando comparado aos 12% de engenheiras associadas ao sindicato e aos 19% de mulheres engenheiras no Paraná. No Senge Jovem, a presença das estudantes mulheres das direções regionais e entre os associados está na casa dos 50%.

Simone Baía destacou a ampliação do número de mulheres na diretoria recém-empossada do Senge-PR. “Mesmo com uma categoria majoritariamente masculina, nós, mulheres, estamos avançando na ocupação dos espaços. É fundamental que engenheiras participem dos sindicatos, para que possamos formular políticas específicas de gênero e também construir espaços mais acolhedores às mulheres nas entidades”, afirmou.

“Chegar a 29% de presença de mulheres na direção é avanço enorme, que precisa ser reconhecido e valorizado. É um movimento de ampliação da participação das mulheres. Todo o nosso esforço agora é em fortalecer o coletivo de mulheres no estado”, apontou Mary Stela Bischof, diretora estadual do Senge e representante do Paraná no Coletivo de Mulheres na Fisenge.

A diretora-geral da Regional de Campo Mourão, Losani Perotti também participou da reunião.

Mulheres constroem rede de empoderamento e solidariedade

“Temos uma cidade segregadora, com espaços onde podemos frequentar e onde não podemos”, relatou a geógrafa e militante feminista Marceleh Lemos, que apresentou o projeto de Promotoras Legais Populares (PLPs) de Curitiba e da Região Metropolitana, durante a reunião do Coletivo de Mulheres da Fisenge. Com início em São Paulo, o curso promove formação política feminista e direitos para mulheres por meio de uma rede articulada em todo o país. Em Curitiba, a formação acontece por meio do curso de extensão da Universidade Federal do Paraná (UFPR), coordenado pela professora Melina Girardi Fachin. A primeira turma “Amelinha Teles” se formou, em 2011, no salão nobre da faculdade de Direito. “Foi muito simbólico, pois nas paredes do salão só havia fotos de homens”, contou a engenheira agrônoma e diretora do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná (Senge-PR), Mary Stela Bischof, que participou da primeira turma.

“O curso de formação é baseado em educação popular, que busca oferecer às mulheres condições para superar situações de discriminações, desigualdades, violências físicas e psicológicas vividas no cotidiano, formando-as para o exercício da cidadania”, explicou Marceleh. Mary Stela ainda lembrou que, durante o curso, duas mulheres denunciaram situações de violência que viviam. “Elas sofriam violência doméstica, tomaram coragem e prestaram queixa, uma delas de Piraquara, inclusive”, disse. Piraquara, localizada na região metropolitana de Curitiba, é a segunda cidade onde ocorre maior número de feminicídios [crimes baseados em violência de gênero]. De acordo com levantamento do Instituto Sangari, de 2010, Piraquara registra uma taxa de 24,4 casos de homicídios de mulheres por 100 mil habitantes. “Fala-se que Curitiba é uma cidade modelo, mas a região metropolitana é uma das mais violentas do Brasil”, relatou Marceleh.

De acordo com a geógrafa, as Promotoras Legais Populares são “aquelas que podem orientar, dar conselho e promover a função instrumental no dia a dia das mulheres. Um dos desafios é oferecer atendimento jurídico e psicológico às mulheres em situação de violência”.

Mulheres de diferentes áreas e atuações participam do curso como engenheiras, catadoras de materiais recicláveis, conselheiras tutelares, assistentes sociais, sindicalistas, militantes e estudantes, por exemplo. Entre os pontos abordados no curso estão: educação popular feminista, mulheres na política, Estado laico, direitos das mulheres, saúde e sexualidade, reapropriação do corpo, direitos reprodutivos, diversidade sexual. As mulheres mães contam com uma ciranda que cuida de crianças com a contribuição de estudantes homens.

“A informação e o compartilhamento destas informações promovem uma rede coletiva de empoderamento entre mulheres, que têm acesso ao conjunto de direitos que devem ser reivindicados e ainda propicia uma rede de solidariedade entre as mulheres. Na engenharia, por exemplo, nós podemos contribuir na formulação de políticas que promovam espaços seguros para as mulheres”, ressaltou a engenheira química e diretora da mulher da Fisenge, Simone Baía e, por isso, nós, mulheres engenheiras, podemos dar a nossa contribuição sobre direitos das mulheres na cidade e no campo.

A engenheira e representante do Senge-ES no Coletivo de Mulheres da Fisenge, Lúcia Vilarinho lembrou de um projeto que participou em sua trajetória profissional. “Em obras de assentamentos, havia o curso ‘Promotores da Cidadania’, no qual discutíamos com a comunidade as obras e seus impactos”, relatou.

Ao finalizar, Marceleh destacou uma frase estampada em sua camiseta: “Mulheres que ousam lutar constroem o poder popular”.

Conheça o projeto em: https://www.facebook.com/plpscuritiba/

Texto e fotos: Camila Marins (Fisenge) e Ednubia Ghisi (Senge-PR)