Hoje (30/4) é Dia Nacional da Mulher. Em tempos de pandemia do Coronaviurus, a desigualdade de gênero e a violência contra a mulher se evidenciam ainda mais. Na China, os casos de violência doméstica triplicaram. Em São Paulo, centro dos casos de COVID-19 no Brasil, durante os primeiros dez dias de quarentena, as denúncias aumentaram em 30%. Já no Rio de Janeiro, o número dobrou. Este ano, o Coletivo de Mulheres da Fisenge (Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros) destaca esta questão em tempos de crise sanitária mundial e alerta para canais de denúncia, como o Disque 180.
Sobre o Dia Nacional da Mulher
“As mulheres, assim como os homens, nascem membros livres e independentes da espécie humana, dotados de faculdades equivalentes e igualmente chamados a exercer, sem peias, os seus direitos e deveres individuais, os sexos são interdependentes e devem, um ao outro, a sua cooperação. A supressão dos direitos de um acarretará, inevitavelmente, prejuízos pra o outro, e, consequentemente, pra a Nação”. Este é um trecho do Manifesto Feminista, de autoria de Bertha Lutz, Maria Eugênia e Jerônima Mesquita, escrito em 14 de agosto de 1934. O dia nacional da mulher foi instituído pela Lei nº 6.971/1980, em homenagem à Jerônima Mesquita, uma das principais líderes do movimento feminista brasileiro. Nascida em em 1880, casou-se aos 17 anos e, dois anos depois, divorciou-se.
Em plena I Guerra Mundial, em 1914, Jerônima ingressou como voluntária da Cruz Vermelha de Paris e depois serviu à Cruz Vermelha Suíça. Ela retornou ao Brasil ao lado das companheiras Stela Duval e Bertha Luz, momento no qual fundou, em 1922, a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF). Nesse mesmo ano, o Brasil vivia períodos importantes: o surgimento do Movimento Modernista e a fundação do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Jerônima construiu história e lutou intensamente pelo direito ao voto feminino, atuando no movimento sufragista de 1932, que conquistou legalmente o direito ao voto, com o Código Eleitoral. Nesse período, lançou o Manifesto Feminista (citado acima) e, mais tarde, fundou o Movimento Bandeirante, grupo de mulheres uniformizadas (uniformes com influência militar), que tinham como atividades: aulas de primeiros socorros, enfermagem e puericultura.
Jerônima também participou da fundação do Conselho Nacional das Mulheres do Brasil (CNMB), organização que tem como finalidade a defesa da mulher. Dentre as principais conquistas estão: o direito ao voto, as fundações da Pró-Mater (hospital beneficente para acolhimento de gestantes pobres) e da Associação Cruz Verde, que lutou contra a fome, a febre amarela e a varíola no início do século 20.
Sua atuação pelo direito da mulher ao voto foi veemente. Hoje, as mulheres exercem o direito pleno ao voto, mas ainda enfrentam uma disputa desigual no que tange à ocupação dos espaços no parlamento.