A ameaça ao setor era grande. Após a estagnação econômica de 2016, o governo Bolsonaro, por meio do seu ministro da Economia, Paulo Guedes, tentou dar mais um “golpe” contra a engenharia brasileira. Ao invés de investir em grandes obras de estrutura em parceria com as empresas nacionais, Guedes e Bolsonaro queriam abrir o mercado brasileiro para que empreiteiras internacionais ganhassem licitações.
A ideia de Paulo Guedes era “facilitar a participação de grupos internacionais também em obras de infraestrutura —como em rodovias, ferrovias e aeroportos” por meio de um acordo de compras públicas da OMC. Em 2020, o presidente da AEERJ (Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro), Luiz Fernando Santos Reis disse que “as empresas estrangeiras que participam de licitações no Brasil precisavam ter mais de um escritório no país, e que também deveriam estar em parceria com alguma empresa nacional”.
Grandes obras impulsionaram a engenharia
O modelo era antagônico ao adotado entre 2003 a 2016, nos governos petistas de Lula e Dilma. Neste, além dos programas de aceleração do crescimento (PAC), o Brasil, por meio do BNDES, financiaria obras em outros países, desde que contasse com a participação de empreiteiras brasileiras e que tivessem objetivo de beneficiar o Brasil. Formato que Lula deve repetir em seu terceiro governo, como disse na Argentina.
Segundo ele, o Brasil vai explorar o potencial industrial e comercial com incentivo público, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. “O BNDES vai voltar a financiar as relações comerciais do Brasil, vai voltar a financiar projetos de engenharia para ajudar empresas brasileiras no exterior e para ajudar que os países vizinhos possam crescer e até vender o resultado desse enriquecimento para o Brasil. O Brasil não pode ficar distante e não pode se apequenar”, afirmou Lula, prometendo financiar o gasoduto Argentina/Brasil.
O método deu certo. O livro “O mercado de trabalho e a formação dos engenheiros no Brasil”, produzido pelo DIEESE a partir de patrocínio do Senge-PR e da Fisenge, avaliou que “o mercado de trabalho dos engenheiros no país foi fortemente influenciado pelo desempenho econômico e pelo nível de investimentos e que a indústria de transformação e a construção civil, que cresceram em quase todos os anos entre 2002 e 2013, mas amargaram fortes quedas a partir de 2014”.
Fonte: Comunicação Senge-PR
Foto: José Cruz/Agência Brasil