Funcionários de Furnas Centrais Elétricas ocupam o Dique da Discórdia

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Em protesto contra a proposta do Governo Federal de privatizar a Eletrobrás e em defesa do setor elétrico, os funcionários da Furnas Centrais Elétricas ocuparam o “Dique da Discórdia” (localizado a cerca de 20 km de Piumhi/MG) na tarde desta segunda-feira, 25 de setembro. O dique é o mesmo que o ex-Governador Itamar Franco ocupou, em 1999, com as polícias militar e civil e os bombeiros, na tentativa de impedir a privatização da mesma Furnas pelo então Presidente da República Fernando Henrique Cardoso. Itamar ameaçou colocar bombas na represa e, caso fossem detonadas, a água do Rio Piumhi escoaria para o Rio São Francisco, diminuindo assim a geração de energia pela hidrelétrica.

“Ontem nós fizemos um ato simbólico neste dique, clamando para que nossas lideranças lembrem de que nós já tivemos pessoas de peito como Itamar Franco, e é disto que a gente está precisando neste momento. Que nossos parlamentares abracem a causa e que ajudem como Itamar ajudou naquela época”, disse o diretor do Sindicato de Engenheiros no Estado de Minas Gerais, Senge-MG, Fernando Queiroz.

O ato no dique da discórdia foi encabeçado pelo Senge-MG. Antes da ocupação, os funcionários do Sistema Eletrobrás participaram de um seminário no cinema de São José da Barra, organizado pelo Sindefurnas, com o objetivo de mostrar à sociedade os efeitos da privatização de Furnas na região e no país. Um deles seria o aumento nas tarifas de energia, de acordo com Fernando Queiroz. “Cerca de 40% da energia de nosso parque gerador é feita pela Eletrobrás, empresa que está no alvo do governo para ser privatizada. E, caso isso ocorra, podemos ter certeza que a tarifa vai aumentar imediatamente. A própria ANEEL, que é a agência que regula o setor, já se pronunciou. Ela estima que este aumento será em torno de 16%.”

Outra preocupação das entidades sindicais é em relação à água. “A gente sabe que as empresas estatais têm um compromisso social e que no nosso caso, a água é utilizada de forma harmônica. Além de gerar energia, ela é usada para irrigação, lazer e turismo, o que traz muitas riquezas para a nossa região. Só no lago de Furnas são mais de 30 municípios diretamente afetados. Caso ocorra a privatização, a gente teme o que possa ocorrer com a utilização da água”, comenta Queiroz.

O dirigente sindical comentou ainda sobre o valor pretendido pelo governo para privatizar o parque gerador. “Hoje, se fosse construído um parque do tamanho da Eletrobrás, o investimento necessário seria algo em torno de 300 bilhões de reais. E o governo quer privatizar por R$ 20 bilhões. Então, qual é a justificativa para você dispor de um patrimônio que não é deficitário, isto é, que gera lucro. A Eletrobrás teve uns três anos de prejuízos (oriundos da Medida Provisória 579), mas ela já se adequou a este cenário no ano passado. E neste ano ela já está com resultados positivos. Portanto o Governo quer vender um bem que gera lucro, e por um valor muito inferior ao que ele vale. Não dá para entender.” O receio das entidades sindicais é que quando o setor produtivo do país estiver se recuperando, não tenha energia ou que os custos dela sejam altos.”

Audiência pública

Após o ato no “dique da discórdia”, foi realizada uma audiência pública na porta da Câmara Municipal de São José da Barra, que contou com a presença de prefeitos, deputados e vereadores. Foi entregue ao Deputado Federal Renato Andrade uma moção contra a privatização, assinada por mais de 20 entidades sindicais. O deputado se prontificou a criar um grupo de parlamentares para buscar apoio da bancada mineira na luta contra a privatização de Furnas. O deputado estadual Cássio Soares também se comprometeu com a causa, bem como as associações dos municípios lindeiros do lago de Furnas.

Fonte: Senge-MG