Este é um momento festivo, mas também de reflexão. O mundo, e o Brasil em particular, sofrem com os efeitos da pandemia COVD- 19, que impactou as relações de trabalho, o convívio social, a economia, a saúde e os hábitos do cotidiano de cada um de nós.
Neste momento extremamente difícil da história da humanidade, os (as) engenheiros (as) foram convocados a contribuir com seu saber técnico na fabricação de respiradores e de equipamentos de proteção para os profissionais de saúde, na instalação de hospitais de campanha, no aprimoramento de protocolos técnicos e de segurança que permitam a continuidade do funcionamento das fábricas e empresas do setor de alimentos, construção, abastecimento de alimentos, água tratada, transporte e todos os meios necessários para a preservação da saúde e da continuidade da vida humana.
A crise sanitária e humanitária mostrou a importância da soberania nacional. Durante a pandemia, ainda que o Brasil tenha se mostrado soberano na produção de alimentos “in natura” ou industrializados, ficou refém da importação de itens essenciais básicos como máscara e equipamentos de proteção individual ou de itens mais complexos, como respiradores, medicamentos para pacientes da COVID-19 em UTIs e vacinas. Para mudarmos este quadro, precisamos de conhecimento e tecnologia, já que temos abundância de recursos naturais e energia. Se compreendermos que os países “donos” do conhecimento científico e tecnológico são os detentores das decisões econômicas, do dinheiro, do poderio militar, das riquezas do mundo e do monopólio dos insumos de saúde, facilmente entenderemos a importância da engenharia. Somos nós, engenheiros e engenheiras, nas suas diversas modalidades, os responsáveis pelo desenvolvimento da tecnologia.
Neste final do ano, temos uma dupla emoção: a alegria de ver que, finalmente, as vacinas começarão a serem aplicadas de forma massiva na União Europeia, Estados Unidos, China e Rússia e a preocupação de que a baixa disponibilidade de recursos econômicos tenha um impacto negativo na logística de distribuição e acesso às vacinas em países pobres e emergentes, como o Brasil.
Além disso, esperamos que a solidariedade entre as nações e atuação dos organismos internacionais multilaterais das Nações Unidas (ONU) não permitam que ocorra uma guerra pela vacina, na qual os países mais ricos tenham prioridade na aquisição e acesso às vacinas, em detrimento dos países pobres, como ocorreu em março e abril últimos, na compra de respiradores e equipamentos de saúde, momento no qual registramos vários casos de apreensão e confisco por países produtores de equipamentos comprados e pagos pelos países importadores, como ocorreu com o Brasil, que teve um lote de respiradores apreendidos nos Estados Unidos.
Apesar do quadro adverso de escassez de recursos para pesquisa e de questionamento sobre sua capacidade científica, as escolas de engenharia no Brasil oferecem à sociedade engenheiros capazes de desenvolver tecnologias nas diversas áreas do conhecimento humano, como ficou comprovado, mais uma vez, através do desenvolvimento de equipamentos e instalações para o combate e a prevenção da pandemia de COVID 19. Infelizmente, o mercado nacional nem sempre aproveita todo esse potencial científico e técnico dos nossos profissionais. O engenheiro brasileiro detém a competência de prover a inovação tecnológica e de ser empreendedor, o que lhe garante, mesmo em face das dificuldades encontradas nas instituições de ensino, no mercado de trabalho ou na falta de recursos para desenvolvimento científico e tecnológico, serem cunhados como “mestres e doutores“ na superação de obstáculos em prol da sociedade.
Finalmente, neste 11 de dezembro, gostaria de parabenizar todos os profissionais da engenharia pela contribuição que oferecem a nossa sociedade no desenvolvimento técnico, científico social e econômico, pois neste dia importante de reconhecimento da nossa profissão é fundamental reafirmamos o nosso compromisso com a engenharia e com o Brasil!
Engenheira Marcia Ângela Nori
Presidenta do SENGE-BA