Reunindo quase 2 mil participantes entre profissionais e acadêmicos, o XXIX Congresso Brasileiro de Agronomia, de 4 a 7/8, em Foz do Iguaçu/PR. O eixo central foi “Desafios e Oportunidades Profissionais”. Promovido pela Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil (Confaeab) e Federação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná, teve como evento complementar o II Encontro Nacional de Agronomia, promovido pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea).
Um dos temas mais discutido foi o ensino da agronomia e a formação profissional frente aos desafios da atualidade. “Ficou mais uma vez evidente a preocupação com a criação crescente de novos cursos de agronomia sem as mínimas condições de formar profissionais preparados para o mercado de trabalho. Ficou claro também a posição da maioria contrária à possibilidade de criação de cursos de Agronomia com base predominante no Ensino a Distância (EAD), que, no nosso caso, deveria ser uma ferramenta complementar ao ensino mínimo de 3.600 presencial”, explicou o diretor de comunicação do Sindicato dos Engenheiros Agrônomos no Estado de Santa Catarina (Seagro-SC), Jorge Dotti.
Outra questão que permeou o debate foi o uso de agrotóxicos. Tanto palestrantes como debatedores e a maioria da plenária foram unânimes em manifestar preocupação com o crescente uso indevido de agrotóxicos, com sérios danos ao ambiente e à saúde do consumidor. “Além de frear de forma racional a enorme pressão das multinacionais, uma mudança neste cenário passa por uma transformação na postura do setor com referência ao processo de prescrição e comercialização destes agrotóxicos, retomando o objetivo inicial do Receituário Agronômico, com a categoria assumindo novamente seu papel de protagonista na área. Também é necessário um grande movimento social e político para que a legislação seja modificada, evitando que técnicos de nível médio continuem prescrevendo agrotóxicos, colocando em risco ainda maior toda a sociedade”, disse Dotti.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Engenheiros Agrônomos do Rio Grande do Norte (SEA-RN), Joseraldo do Vale, o Projeto de Lei 1.016/2015, que prevê a vedação da atuação dos engenheiros agrônomos e dos médicos veterinários na área de produção animal, também foi alvo de debate. De autoria da deputada federal Júlia Marinho (PSC-PA), o PL retira as atribuições destes profissionais e vai na contramão da formação acadêmica, que contempla atividades vinculadas à produção animal. “O Congresso demonstrou maturidade ao enfrentar temas, que afetam diretamente a nossa categoria como o PL1.016 e também em debater uma nova fase da agronomia com orgânicos e agroecologia”, afirmou Joseraldo.
Um dos painéis apontou estudos que revelam que, em poucas décadas, poderemos não mais necessitar de agrotóxicos para produzir, sendo substituídos por novos processos de indução fisiológicos e similares, além é claro do aumento da fatia do que hoje chamamos de produção orgânica.