Debate sobre desenvolvimento nacional abre o IV Congresso Estadual dos Engenheiros

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O IV Congresso Estadual dos Engenheiros – Eng. Alfredo Nogueira Passos, teve início ontem a noite e contou com a mesa de abertura composta pelo presidente do Sindicato dos Engenheiros da Bahia, o engenheiro civil Ubiratan Félix, o diretor executivo da Fisenge (Federação Interestadual de Sindicato de Engenheiros), engenheiro de Minas Gilson Luiz Teixeira Neri, que também participou de todo evento como observador pela Federação, e a estudante de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFBA, Aline Hojiron do SENGE-BA Estudante. A palestra da noite foi proferida pelo economista, professor da UFBA e ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli, responsável por facilitar o debate sobre o tema Desenvolvimento e Soberania Nacional. A mesa contou com a coordenação da vice-presidente do Senge-Ba, a engenheira de Alimentos Márcia Ângela Nori e relatoria do diretor do Sindicato, Allan Yukio Hayama.

“Estamos vivendo uma situação de destruição da engenharia brasileira. E sua recuperação vai demorar muito tempo”, foi o que afirmou logo de início Gabrielli. Para entender o momento atual do país, sua apresentação abordou principalmente os impactos da crise cíclica do capitalismo, que teve início em 2008, e gerou crise fiscal em muitos governos. Aquele período predominou a política de austeridade na maioria desses países, cortes do estado de bem-estar social e disputas acirradas no mercado de trabalho (nível alto de desemprego). Essas características se assemelham ao que acontece agora no Brasil – diante de uma crise social e fiscal, a aprovação de reformas e leis que diminuem o estado, cortam investimentos em serviços públicos e flexibilizam as leis trabalhistas. Antes, o Brasil conseguiu dar uma resposta contra cíclica, a partir da aceleração de investimentos, estímulo ao consumo e também por uma aliança rentista, que manteve altas taxas de juros para atrair investimentos de empresas privadas.

Em 2010, o governo continuou apostando no rentismo, na conciliação de classes e não promoveu mudanças estruturais, inclusive no que tange políticas para soberania do país, apesar de reafirmar o compromisso com a distribuição de renda. Já em 2013, a crise econômica chega ao Brasil e houve uma mudança da matriz econômica com a substituição de investimentos públicos pelo privado, desonerações fiscais e uso dos bancos públicos para estimular investimentos. A população começou a sentir os impactos da austeridade fiscal e promoveu grandes mobilizações (jun/jul 2013) para reivindicar a ampliação das conquistas dos anos anteriores. As elites brasileiras também demonstraram insatisfação com a política de conciliação, mas no sentido contrário, com o desejo de diminuir cada vez mais o estado. O ano de 2015 foi o marco do rompimento da aliança e com o fim do apoio no Congresso, consolidou-se o golpe parlamentar.

“A direita ideológica, que é a minoria, está trabalhando para mudar a estrutura do estado brasileiro”, explica o professor. Os desmontes do Estado já começaram a acontecer: concessões ao capital privado, entreguismo (pré-sal, esfacelamento da Petrobras) e as políticas de estado mínimo para população. A maioria do grupo que promoveu o golpe é uma direita pragmática, que trabalha em beneficio próprio ou dos seus pares. Mas ainda assim caminham juntos e representam mais de 75% da base de apoio ao governo de Michel Temer. O desafio é superar a crise econômica para que volte os investimentos externos no país, mas Gabrielli ressalta que isso vai de encontro com a política entreguista. “O Brasil está na contramão da tendência global de proteção da indústria nacional e estatização”, enfatiza.

Após a palestra, o debate teve início com muitas perguntas e colocações sobre saídas e possíveis formas de enfrentar a crise instaurada no país, inclusive reposicionando a Engenharia como fundamental para o desenvolvimento e soberania nacional.

O Congresso, promovido pelo Senge-BA juntamente com a Fisenge, segue até o dia 07 (domingo) para discutir e aprovar diretrizes de atuação da entidade, indicar propostas e eleger delegados para o XI Congresso Nacional, que ocorrerá em Curitiba, de 06 a 09 de setembro.