Por Fernando Nunes Patrício, engenheiro eletricista*
Na sociedade da informação em que vivemos, o tempo se tornou um bem ainda mais precioso. O extraordinário papel representado pelos computadores; os alarmes de prevenção contra incêndio e de proteção patrimonial; fornos de micro-ondas; aparelhos de som; televisões inteligentes; maquinas de lavar; refrigeradores e freezers com eletrônica embarcada e os incontáveis equipamentos e robôs de alta tecnologia usados nas grandes indústrias de transformação são indispensáveis em nosso mundo atual.
É impossível se conceber a ausência dos sistemas elétricos em uma sociedade conectada. É impensável que um hospital pare de atender seus pacientes; uma escola paralise suas aulas; uma loja deixe de vender, que fiquemos sem internet ou uma fábrica pare sua produção porque as instalações elétricas não têm a segurança e a confiabilidade desejada ou a concessionária pare de fornecer energia elétrica.
Contudo, o aumento do contato das pessoas com a energia elétrica e a complexidade dos sistemas das fábricas sem a devida prudência tem feito aumentar a quantidade de acidentes e mortes provocadas por incêndios e choques elétricos. Os números são alarmantes.
De acordo com relatório da Abracopel, em nível nacional, os incêndios por sobrecarga e curto-circuito subiram de 537 ocorrências em 2018, sendo 61 vítimas fatais, para 656 ocorrências, em 2019, com 74 vítimas fatais. Já os choques elétricos ocorridos em 2018 subiram de 832, com preocupantes 622 vítimas fatais, para 909 ocorrências e 697 vítimas fatais em 2019.
O ano de 2020 não apresenta números confortáveis. Em janeiro deste ano um novo recorde de ocorrências em um mês apenas: foram 181 acidentes e 93 vítimas fatais; sendo:
- Acidentes com choques elétricos foram 99 ocorrências e 83 mortes;
- Acidentes por sobrecarga foram 70 ocorrências com uma morte;
- Acidentes por descargas atmosféricas foram 12, com 9 mortes.
Tantas vidas e famílias estão sendo ceifadas por descuido e falta de prevenção. É preciso conscientizar as pessoas da importância de contratar profissionais habilitados e capacitados, alertando para os perigos da energia elétrica, para a importância da qualidade dos projetos e das instalações, preparar os alunos das escolas técnicas e universidades com uma formação de qualidade e com conhecimentos atualizados, garantir que os conselhos profissionais fiscalizem a atuação dos profissionais de modo que estejam habilitados e qualificados para exercer a sua profissão e a atividade específica.
Esses são temas a serem discutidos em um Congresso Nacional sobre o Setor Elétrico nos dias 6 e 7 de maio, em Curitiba. O evento vai reunir vários especialistas, professores e empresários que estarão debatendo temas e expondo equipamentos voltados para sistemas elétricos. Organizado pelo Cinase, tem como foco garantir que uma instalação elétrica não coloque vidas em risco, projeto, instalação e tudo que envolva a cadeia de energia elétrica.
*Fernando Nunes Patrício é engenheiro eletricista. Se formou no Instituto Nacional de Telecomunicações de Sta. Rita do Sapucaí, MG. Trabalhou por 35 anos na Telepar, Telecentrosul, Brasiltelecom e OI
Foto: Orlando Kissner/ Fotos Públicas