Por Camila Marins
Um passo histórico foi dado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES), que, em 57 anos de existência, elegeu pela primeira vez uma mulher como presidente. Lúcia Vilarinho assumiu em janeiro, para um mandato de três anos. Graduada em engenharia civil pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), pós-graduada em engenharia legal e de avaliações pela Faculdade de Vila Velha (Univila) e especialista em análise de sistemas pelas Faculdades Integradas Espírito-Santenses (Faesa), a engenheira civil foi Secretária Municipal de Habitação de Vitória, subsecretária de Saneamento e Programa Urbanos do Estado, subsecretária de Gestão Urbana de Vitória, Diretora de Projetos e Obras de Edificações no Instituto de Obras Públicas do Governo do Estado e Diretora Geral do Departamento de Edificações Rodovias e Transportes (DERTES), entre muitas outras experiências.
Quais são os seus principais compromissos?
Implantar procedimentos que garantam mais transparência, organização e agilidade à atuação do Crea é uma prioridade. Trabalhamos também para fortalecer e ampliar uma fiscalização preventiva e integrada, minimizando custos de manutenção. As melhorias na organização interna vão permitir que estejamos mais presentes no dia a dia dos profissionais. Temos buscado novas parcerias que enriqueçam a carta de cursos gratuitos que oferecemos, bem como o leque de serviços. Meu compromisso é liderar uma transformação do nosso Conselho, de um órgão punitivo e arrecadador em em um órgão que defenda os profissionais e toda a sociedade dos riscos trazidos pelo exercício ilegal da engenharia. Juntos estamos construindo uma instituição mais atuante.
Qual a importância da participação das mulheres?
É muito importante para nós mulheres ocuparmos espaços. Eu mesma não pensava em ser presidente do Crea. Decidi me candidatar para deixar minha contribuição e mostrar aos profissionais sobre a importância do Conselho. Ser a primeira mulher eleita para a presidência do Crea no Espírito Santo é um grande desafio e uma conquista, não apenas para a engenharia como também para as mulheres capixabas. No Sistema Confea/Creas hoje, somos quatro mulheres (Acre, Distrito Federal, Espírito Santo e Rio Grande do Norte). É um fato inédito e importante, pois sabemos que a engenharia ainda é um ambiente muito masculino.
Quais os desafios para a engenharia brasileira?
O Crea pode fazer muito para a sociedade. Precisamos voltar a valorizar a engenharia que, nos últimos anos, caiu em descrédito. O Brasil tem muitos profissionais qualificados e competentes. Tem empresas de excelência tecnológica. É urgente resgatar o papel da engenharia no desenvolvimento social e sustentável, uma participação que traga emprego e renda para o povo brasileiro. O papel social da engenharia é defender a sociedade por meio de prestação de serviços por bons profissionais, que tratarão da qualidade, menor custo e segurança.
Foto: Flávio Borgneth