Na madrugada do dia 27/1, a covereadora eleita em São Paulo, Carolina Iara, sofreu um atentado com dois tiros alvejados em sua casa. A parlamentar também sofria com discurso de ódio e hostilidade nas redes sociais. Mulher negra e trans, Carol é a primeira covereadora intersexo eleita no país. Ela e sua família passam bem e registraram boletim de ocorrência. O atentado configura mais um ato de violência política de gênero que tem o objetivo de expulsar ou restringir a mulher dos espaços políticos. Estas práticas acontecem quando elas são candidatas, já eleitas e durante o mandato.
De acordo com o “Dossiê dos Assassinatos e da Violência Contra Pessoas Trans Brasileiras” de 2019, da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), o Brasil continua sendo o país que mais mata travestis e transexuais no mundo. O país passou do 55º lugar de 2018 para o 68º em 2019 no ranking de países seguros para a população LGBT. O atentado contra Carolina Iara ocorre na véspera do Dia Nacional da Visibilidade Trans (29/1), data em que será lançada a atualização do dossiê com os dados de 2020.
Mesmo sendo o país mais transfóbico do mundo, o Brasil alcançou, no ano passado, recorde de pessoas trans eleitas.
O Coletivo de Mulheres da Fisenge se solidariza com a parlamentar e ainda alerta para o urgente debate sobre o enfrentamento da transfobia e da violência política de gênero. É urgente a elaboração de medidas que garantam o pleno exercício político das mulheres e a formulação de políticas públicas específicas para pessoas trans.
Coletivo de Mulheres da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros