Elas são minoria na Sanepar. É o que mostra a pesquisa “Análise do emprego formal e da remuneração média dos trabalhadores da Sanepar (2006 a 2022). O levantamento foi feito pelo DIEESE do Paraná com base na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). No perfil da empresa de saneamento e esgoto chama atenção a predominância de homens. Em 2022, na Sanepar, 79,1% eram do sexo masculino (5.086) e 20,9% do sexo feminino (1.345). Com relação a remuneração, outro dado desperta interesse. As mulheres passaram a receber mais do que os homens a partir de 2018. E a análise explica porquê.
A Sanepar vivencia um fenômeno positivo para as mulheres e diferente da maioria das empresas do Brasil. Embora sejam minoria na quantidade de profissionais, na média, ganham mais do que os homens. De 2006 até 2022, a quantidade de profissionais femininas aumentou, enquanto que profissionais masculinos foram reduzidos. Se em 2006 eram 1234 mulheres, em 2022 mesmo com demissões e plano de aposentadoria, a empresa de saneamento tinha em seus quadros 1345 profissionais mulheres.
Nesses números chama atenção que de 2006 a 2017 o quadro de funcionárias era positivo, com destaque para 2009, quando aumentou 4,53%. Por outro lado, a partir do governo Ratinho Junior, as mulheres começaram a sair da empresa. São cinco anos com redução da quantidade de trabalhadoras.
Com relação à remuneração, o DIEESE chama atenção para os vencimentos maiores do que os homens. “A remuneração média percebida pelas trabalhadoras (R$ 7.644,18) foi 0,47% maior que a remuneração recebida pelos trabalhadores (R$ 7.608,32). Este dado merece destaque, pois, em 2015, a remuneração média das trabalhadoras (R$ 5.240,49) foi 3,01% menor que a remuneração média dos trabalhadores (R$ 5.402,89)”.
Embora a diferença salarial entre homens e mulheres na Sanepar sempre tenha sido pequena, foi em 2018 que aconteceu a virada. A renda média masculina era de R$ 5767 e a feminina de R$ 5778. O saldo positivo para as mulheres se manteve nos anos seguintes.
O economista Sandro Silva explica que as mulheres representam quase 44% dos setores administrativos. Ou seja, tendo números parecidos com os da Copel. Por outro lado, o diferencial é a participação feminina nas ciências e artes.
“A remuneração média delas é mais do que o dobro da média da empresa. Elas recebem R$ 16,2 mil enquanto que a média é R$ 7,6 mil. Nesse perfil entram advogadas, por exemplo, onde são 60% dos 38 profissionais. Engenharias químicas, 60% de 25 profissionais são mulheres. Economistas, 41% são mulheres. Então, você tem uma participação das mulheres maior do que a média total da empresa e essas ocupações têm remuneração mais alta, puxando a média delas”, esclarece o analista econômico.
Na Sanepar, os empregos se concentram em “Operador de estação de captação, tratamento e distribuição de água” e “Auxiliar de escritório, em geral”. Os profissionais de engenharia são civis (260 em 2022), eletricistas (47 em 2022), mecânico (25 em 2022) e químico (25 em 2022).
Essa mudança é comemorada pela Engenheira Civil Franciane Breda, Diretora Regional de Cascavel e integrante do Coletivo de Mulheres do Senge-PR. Para ela, que trabalha na Sanepar, a empresa é um exemplo para o Paraná e para o Brasil na busca da equidade.
“O grande número de mulheres em cargos especializados demonstra que está se caminhando na direção da equidade, especialmente em funções, como as engenharias, que antes havia uma maioria masculina e hoje estamos com muitas mulheres ocupando essas funções e quebrando os preconceitos”, destaca a profissional.
De acordo com pesquisa da FIA Business School, as mulheres ocupavam 38% dos cargos de liderança no Brasil em 2023, mantendo a proporção do ano anterior. “As mulheres representam 43% do quadro de funcionários, mas ainda estão sub-representadas no topo, apesar de serem melhores gestoras, além de mais populares e confiáveis, na opinião dos colaboradores”, expõe o levantamento.
Sanepar tem programa de Equidade de Gênero
Lá em 2016, a Sanepar lançou um programa interno de equidade de gênero, chamado Equidade@Sanepar. No evento, realizado em Curitiba, a empresa também assinou o termo de adesão à Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que propõe 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). “A proposta é desafiadora: seremos a primeira empresa de saneamento de todo o Brasil a ter um programa para a promoção da equidade de gênero”, disse, naquela época, o presidente da Sanepar, Mounir Chaowiche.
Já o Coletivo de Mulheres da Fisenge lançou uma cartilha em defesa da Lei de Igualdade Salarial entre homens e mulheres. A iniciativa tem o objetivo de amplificar a luta sindical pelos direitos das mulheres. A Diretoria da Mulher da Fisenge ainda defende que nas Negociações Coletivas esteja presente a pauta da igualdade salarial. “Cumprir a lei 14.611/2023, que garante a igualdade salarial e mesmos critérios de remuneração entre trabalhadoras e trabalhadores que realizam a mesma função”, diz o documento.
Foto: Divulgação Cohab
Fonte: Senge PR