O Sindicato de Engenheiros no Estado de Minas Gerais manifesta sua solidariedade aos funcionários da BHTrans, face à decisão da Prefeitura de Belo Horizonte de extinguir a empresa que colocou Belo Horizonte, durante anos, no mapa das boas soluções de mobilidade e transporte público no País.
A qualidade da engenharia aplicada em transporte e trânsito executada pelos profissionais da empresa é reconhecida em todo o Brasil, com premiações e até “cópias” de órgãos gestores municipais inspirados no modelo BHtrans, dentre eles a SPtrans, o Dftrans e MCtrans (Montes Claros).
O executivo municipal, agora aliado a setores que antes lhe faziam oposição no legislativo, e é autor do projeto de criação de uma superintendência para substituir a BHTrans, preferiu o caminho fácil de não discutir o problema da mobilidade na cidade, inclusive com apresentação de propostas claras e participativas. Apenas extingue uma empresa pública para criar uma autarquia municipal com as mesmas funções, mas com outro quadro de funcionários. Ao optar pela forma, e não com o conteúdo para a Mobilidade na cidade, nada mudará de fato.
O Senge-MG lembra que o descaso para com a gestão da empresa, por parte do executivo municipal, já é de longa data. Com servidores com média de idade de 50 anos, a BHTrans teve o último incremento no seu corpo técnico no concurso público de 2013. De lá até agora o quadro foi sendo deixado de lado gradativamente. E a empresa virou vilã de todos os problemas de mobilidade da cidade, apesar das inovadoras soluções de baixo custo já propostas por seus técnicos. Os gestores que deveriam corrigir a rota preferiram lavar as mãos.
E aí fazemos questão de apontar um fato grave de quem diz zelar pelos gastos públicos. Se a BHTrans não serve mais, como fica a questão do desperdício de dinheiro público que foi investido no treinamento, seleção, capacitação, organização do órgão existente que será totalmente jogado fora? Quanto tempo e quantos recursos adicionais serão necessários para que se consiga chegar, no mínimo, no patamar de conhecimento técnico e de planejamento que a BHTrans se encontra atualmente? 15 anos?
O Senge-MG lamenta que executivos e legislativos permaneçam reféns da cilada das soluções fáceis, buscando a exposição midiática sem reconhecer e enfrentar os problemas em sua essência. Pensar e criar alternativas modernas, que favoreçam o desenvolvimento econômico, a inclusão social e a redução dos impactos ambientais para o transporte público, por exemplo, não passa por cabeça desses “brilhantes gestores”.
Mais cômodo desvalorizar um capital intelectual reconhecido nacionalmente e transformar a BHtrans numa “Geni” contra a qual todos devem atirar pedras, para não precisar reconhecer os equívocos de gestão da Administração Municipal em relação aos investimentos em mobilidade urbana. O Senge-MG não concorda com isso e faz questão de se manifestar.
Os empregados da BHtrans têm, no Senge-MG, um aliado que nunca se calará diante de descalabros coma a proposta de extinção da empresa.
Imagem: reprodução BHtrans