Evento marcou, também, o mês da consciência negra na UFPR
Quando a estudante de jornalismo Cláudia Santos ajudou a descerrar a placa de inauguração da nova biblioteca da Casa do Estudante Universitário do Paraná (CEU), seu gesto trouxe mais do que história. A figura que estampava o quadro, Enedina Marques, primeira engenheira negra do País, formada na Universidade Federal do Paraná (UFPR), simbolizava representatividade.
Cláudia, que também é estudante da UFPR, é negra, mulher e faz parte de uma nova geração de moradores da CEU, prédio construído por Enedina em uma época em que era ainda mais desafiador ser quem foi. Prestes a assumir a presidência da entidade, ela e os colegas com quem divide o prédio batalharam pelo espaço e também pela homenagem a uma mulher que liderou grandes obras paranaenses e que superou barreiras sociais, econômicas e culturais.
Este é o segundo ano consecutivo que a universidade celebra a história de uma de suas pioneiras. Em 2018, ela foi homenageada com uma placa no prédio administrativo do Setor de Tecnologia. “Enedina fez o projeto da Casa e o seu protagonismo não aparece muito na história. Até seis anos atrás, só meninos podiam morar aqui”, comenta a estudante. Graças a um projeto de resgate histórico conduzido pelos próprios estudantes, todos que acessarem a biblioteca Enedina Marques poderão vê-la e saber o que ela representa.
Da esquerda para a direita: Cícero Martins, diretor do Senge-PR; Cláudia Santos, da CEU; e Larissa Souza, da UPE.
Além da biblioteca, outros dois novos espaços foram inaugurados com a parceria da UFPR: o Paulo Leminski, um jardim de inverno proposto para promover a integração dos estudantes estrangeiros, e o Luiz Carlos Borges de Oliveira, sala de informática que terá projetos com a universidade da maturidade. “Foram cerca de três anos para arrecadar todos os fundos e construir esses espaços que são tão importantes para as comunidades externas e internas”, destaca Cláudia.
Durante a cerimônia de inauguração, prestigiada por moradores, ex-moradores da CEU, professores e servidores da UFPR, a figura de Enedina Marques foi lembrada por diversas vezes. O papel da universidade pública como lugar de diversidade e de inclusão marcou o discurso do reitor, Ricardo Marcelo Fonseca. “A universidade se transformou e não é mais apenas um lugar de elite e de gente branca. Muito ainda há de ser feito, mas o perfil mudou”, disse.
O reitor também reforçou a importância de organismos como a Superintendência de Inclusão, Políticas Afirmativas e Diversidade (SIPAD) para que a universidade não retroceda quanto às políticas de inclusão. “Somos um foco de inclusão e de inteligência. Vivemos tempos de resistência e enquanto estivermos aqui não retornaremos a ser espaço da elite branca e masculina”.
O presidente da CEU e estudante de Direito da UFPR, Cleverton Quadros, agradeceu a parceria dos ex-moradores no projeto e reforçou a importância do trabalho coletivo para que os espaços ficassem prontos. “Este é um espaço de estudo, de moradia, de lazer e de vida”, disse. Cícero Martins, da direção do Sindicato dos Engenheiros do Paraná, falou sobre a importância de se refletir a respeito da homenagem a Enedina Marques. “Tantos anos se passaram e ainda estamos nesse processo de reflexão e de luta”, pontuou.
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Leandro Franklin Gorsdorf, afirmou que a inauguração era mais uma oportunidade de reconhecer os negros e negras que constroem a universidade e o país. Maria Rita de Assis César, pró-reitora de assuntos estudantis, mencionou o papel da CEU como espaço importante de inclusão e de permanência dos alunos. Além das falas e homenagens, o evento, que marcou as celebrações do mês da Consciência Negra, também contou com uma apresentações dos percussionistas da Orquestra Filarmônica da UFPR.
Fonte: UFPR
Foto: Marcos Solivan