Aconteceu, nos dias 8 e 9/11, o 4º Encontro Regional das Américas da UNI, no Rio de Janeiro. Organizado pela UNI P&M (UNI Profissionais e Gerentes), o encontro contou com representantes do Brasil, Chile, Argentina e Suécia e também tem o objetivo de intercambiar experiências entre os profissionais e também de organizar uma estrutura da entidade em termos globais. “Fizemos essa discussão na Europa, mas queremos sugestões das Américas, Ásia e África, porque no ano que vem haverá uma Conferência Global de Profissionais onde definiremos o programa global e o comitê diretor”, explicou o presidente mundial da P&M (Profissionais e Gerentes) da UNI, Ulf Bengtsson. Durante a abertura, o diretor da UNI Global Union, Alex Högback, informou que o programa tem a finalidade de construir uma nova identidade, um novo programa e principalmente uma nova maneira de integração global.
Para iniciar a discussão, o diretor da Uni Américas, André Rodrigues, abriu um panorama dos cenários e das ações, especialmente sobre os desafios frente às novas relações trabalhistas e a Indústria 4.0. O anfitrião, engenheiro e presidente da Fisenge, Clovis Nascimento, falou sobre as perspectivas brasileiras e as ameaças à democracia. “Passamos há poucos dias por um duro processo eleitoral que legitimou um projeto econômico ultraliberal de retirada de direitos e antidemocrático. Precisamos nos unir de forma regional e global para a troca de experiência e de solidariedade mútua”, pontuou. Já alguns dias, o governo eleito anunciou a possível extinção do Ministério do Trabalho*, preocupação manifestada pelo diretor de relações internacionais da Fisenge, Raul Otávio: “a nova legislação trabalhista dificultou bastante os processos de negociação coletiva, especialmente entre os engenheiros, na medida que permite negociação sem a intermediação dos sindicatos. Além disso, as ações trabalhistas foram muito prejudicadas, com a possibilidade da parte perdedora pagar as custas do processo”.
Gustavo Morales, representante da CEPETEL, entidade sindical na Argentina, contou que a resistência em seu país conseguiu frear alguns retrocessos, mas o Ministério do Trabalho, que tinha mais de 70 anos de existência, foi rebaixado para o nível de Secretaria. “Também temos um grande potencial de sindicalização nas empresas de telefonia móvel, que antes não reconheciam a filiação e a cotização, que hoje é descontada no contracheque”, explicou.
No Chile, uma das particularidades se refere ao direito à greve. De acordo com Ricardo Calderón, representante da FESUC no Chile, a legislação exige a definição de serviços mínimos nas empresas. “E este é o ponto subjetivo, porque não há uma definição clara sobre o que é serviço essencial”, destacou, informando que Bachelet também tentou fazer a reforma trabalhista e existe uma cota sindical de gênero nas negociações coletivas por lei.
Também foram realizadas palestras sobre o Coletivo de Mulheres e de Estudantes da Fisenge. A estudante de engenharia sanitária e representante do Coletivo de Estudantes, Aline Hojron, e a engenheira civil e diretora da Fisenge, Elaine Santana apresentaram as ações e as estratégias do Coletivo de Estudantes. Elaine destacou a publicação da Fisenge sobre a lei do estágio e a organização dos estudantes em seus estados por meio do Senge Jovem/Estudante. A engenheira química e diretora da mulher da Fisenge, Simone Baía, pontuou um histórico do Coletivo de Mulheres da Federação e mostrou as histórias em quadrinhos da Engenheira Eugenia, prêmio de direitos humanos pela Anamatra.
*(decisão revogada no dia 13/11 pelo presidente eleito)