Em dois anos de governo Temer a inflação voltou aos mesmos índices da década de 1990, quando o Brasil sofria nas mãos do governo de FHC com estagnação e desemprego alto
O reajuste das contas de luz e o governo de Michel Temer (MDB-SP) na gestão da paralisação de mais de sete dias dos caminhoneiros no final de maio, além do desabastecimento em quase todo o país, provocou um aumento geral nos preços dos produtos, atingindo em cheio o bolso das trabalhadoras e dos trabalhadores.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial do país, subiu 1,11% em junho, após alta de 0,14% em maio. A taxa repete a de junho de 1996 e foi a maior variação para um mês de junho desde 1995 (2,25%), de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados na manhã desta quinta-feira (21).
A paralisação dos caminhoneiros foi responsável pelos aumentos nos preços do gás, dos alimentos e dos transportes, comprometendo a já apertada renda das famílias que sofrem para sobreviver com um mínimo de dignidade em um dos piores momentos de crise econômica e desemprego do país.
Cerca de 60% das despesas das famílias foram comprometidas só com os gastos com alimentação e bebidas (1,57%), habitação (1,74%) e transportes (1,95%). Esses grupos, segundo o IBGE, foram os principais responsáveis pela aceleração do índice em junho.
Batata 45,12% mais cara
O grupo dos Alimentos, por exemplo, acelerou em junho, atingindo 2,31%, com destaque para os preços de itens como batata-inglesa (45,12%), cebola (19,95%), tomate (14,15%), leite longa vida (5,59%), carnes (2,35%) e frutas (2,03%).
Contas de luz são reajustadas, de novo, em 5,44%
No grupo Habitação (1,74%), o destaque foi para a energia elétrica, que apresentou alta de 5,44%, representando o segundo maior impacto individual no índice de junho. Os preços do gás de botijão também aceleraram, ficando, em média, 2,60% mais caros.
Gasolina sobe, mais uma vez, 6,98%
Já nos Transportes (1,95%), o grupamento dos combustíveis que havia caído 0,17% em maio subiu 5,94% em junho. O destaque foi a gasolina (de 0,81% em maio para 6,98% em junho), responsável pelo maior impacto individual no índice, o que representa 28% do IPCA-15 de junho. O etanol acelerou em junho (2,36%), após a deflação (-5,17%) registrada em maio. O óleo diesel subiu 3,06%, após a alta de 3,95% de maio.
Para o técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Alexandre Ferraz, a forte crise tende a fazer com que a inflação volte aos índices de dois meses atrás, mas as contas de luz, a gasolina, o gás e outros preços vão continuar pesando no bolso dos trabalhadores e trabalhadoras.
“A tendência é que esse efeito sazonal normalize [inflação alta] pressionado, principalmente, pelos altos índices de desemprego. A cebola e o leite devem baixar, por exemplo, e tem uma possibilidade de baixa também do transporte público. Aliás, a população tem de ficar atenta porque já que baixou o diesel, tem espaço para diminuir a tarifa do ônibus”.
Metodologia
Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados entre 16 de maio a 13 de junho de 2018 – portanto, durante a mobilização nacional dos caminhoneiros -, e comparados com os de 14 de abril a 15 de maio de 2018.
O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e Goiânia.
FONTE: CUT / Escrito por Luciana Waclawovsky