Quem disse que garotas têm de usar cor-de-rosa e brincar de boneca, principalmente quando podem construir uma máquina de Rube Goldberg em vez disso? Essa é a mensagem de um vídeo que se tornou viral desde que foi postado no YouTube nesta semana —um anúncio da GoldieBlox, start-up de brinquedos infantis que vende jogos e livros para encorajar garotas a se tornarem engenheiras.
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No vídeo, três meninas estão entediadas assistindo a princesas cor-de-rosa na TV. Então elas pegam uma caixa de ferramentas, óculos de proteção, um capacete e começam a construir uma máquina de Rube Goldberg, que manda para os ares xícaras rosas e bonecas, usando guarda-chuvas, escadas e, claro, brinquedos da GoldieBlox.
Tudo acontece sobre a melodia de “Girls”, do Beastie Boys, uma balada decididamente antifeminista. Só que a letra foi reescrita pelo criador da propaganda.
Os Beastie Boys cantavam: “Garotas para lavar a louça / Garotas para limpar meu quarto / Garotas para lavar roupa / Garotas para “fazer” no banheiro / Garotas —tudo o que realmente quero são garotas”.
Uma das atrizes do anúncio canta: “Garotas constroem uma nave espacial / Garotas criam um novo aplicativo / Garotas que crescem sabendo / Que podem projetar essas coisas / Garotas, tudo de que realmente precisamos são garotas / Para nos levar ao topo / Nossa oportunidade são as garotas / Não subestime as garotas”.
“Pensei em minha infância, com princesas e pôneis, e me perguntei por que kits de construção, matemática e ciência eram para garotos”, disse Debbie Sterling, fundadora e chefe-executiva da GoldieBlox, em entrevista. “Queríamos criar uma inversão cultural, fechar esse vão entre os gêneros e preencher algumas dessas vagas de emprego que crescem à velocidade da luz.”
Ela criou a empresa há dois anos, depois de se graduar em design de produtos no departamento de engenharia mecânica de Stanford, onde ficou desapontada por não haver mais mulheres nas aulas.
As mulheres são pouco representadas como engenheiras em companhias de tecnologia, principalmente por causa de um problema de abastecimento. Em 2010, elas representavam 18% das graduações em ciência da computação; em 1987, respondiam por 37% desse número, segundo o Centro Nacional para Mulheres e Tecnologia da Informação.
O problema, dizem muitos analistas, começa na infância, quando professores e pais não encorajam garotas a correr atrás de engenharia.
A GoldieBlox é um dos esforços para mudar essas porcentagens. O programa Girls Who Code ensina a elas programação de softwares. E Sheryl Sandberg, executiva do Facebook que advoga a favor das mulheres nos negócios, frequentemente encoraja os pais a deixar suas filhas jogarem videogames, para assim ficarem animadas em relação a ciência da computação.
Sterling e a equipe da GoldieBlox tiveram a ideia de fazer um vídeo que fizesse a engenharia parecer bacana para os mais jovens. Eles foram inspirados pela máquina de Rube Goldberg usada num clipe da banda OK Go, e o criador dessa máquina, Brett Doar, concordou em construir uma para o anúncio.
CLAIRE MILLER
DO “NEW YORK TIMES”