Apesar de oferecer reajustes de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) em cláusulas econômicas, a Compagas escolheu ignorar uma das principais preocupações de seus funcionários: o destino da empresa pós-privatização. A pauta de reivindicações unificada entregue à empresa pelo Senge-PR, SINDENEL, SINTEC e SINAEP buscava garantir proteção aos trabalhadores após a venda da Compagas, que, apesar de ainda não ter cronograma estabelecido, faz parte da agenda do Governo Ratinho Junior (PSD) para 2023. A mesma Lei que autoriza a privatização da Copel (21.272, de 24 de novembro de 2022) permite a desestatização da Compagas.
As cláusulas que resguardavam os empregados no advento da privatização foram negadas pela empresa: a duração do ACT, que os sindicatos buscavam estabelecer em dois anos, foi mantida em 12 meses. O Programa de Demissão Voluntária (PDV) foi descartado também.
Após a apresentação da minuta, feita pelo representante do SINDENEL, Carlos Minoru Koseki, o presidente do Senge-PR, Leandro Grassmann, apontou inconsistências na proposta da Compagas. Grassmann questionou o motivo da empresa se recusar a estender aos seus trabalhadores as mesmas garantias dadas aos copelianos: “o que difere o empregado da Compagas do empregado da Copel? O que muda?”, perguntou, apontando que a Compagas é um ativo da Copel e as decisões estratégicas são feitas pela mesma equipe.
Um dos argumentos da Compagas para não discutir o PDV é de que o quadro de funcionários da empresa já é bastante enxuto, não se justificando o receio de demissões. Sobre isso, Grassmann traçou um paralelo com a Copel, observando que a diretoria da Companhia de Energia celebra a redução nos gastos com pessoal, mas ignora o aumento nos custos de serviços: os trabalhadores internos são substituídos por terceirizados com salários menores. Mesmo enxuta, não há garantia de manutenção dos empregos.
Agora, os sindicatos vão comunicar a recusa da proposta à Compagas e solicitar a reabertura da mesa de negociação.
Fonte: Senge-PR