Sobre mulher arrastada por viatura movimentos afirmam: porque era negra e da periferia

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No dia 17 de março começou a circular na internet o vídeo de uma morte brutal. Uma mulher, aparentemente sem vida, sendo arrastada por uma viatura da Polícia Militar do Rio de Janeiro, que ainda rodou cerca de 250 metros mesmo com os avisos sobre o que estava acontecendo.A mulher era Cláudia Silva Ferreira, 38 anos, mãe de quatro filhos, auxiliar de limpeza em um hospital. Cláudia, uma mulher negra, foi baleada por policiais militares no Morro da Congonha, Madureira, Rio de Janeiro, e em seguida “socorrida” e colocada dentro do porta-malas da viatura rumo ao hospital.

“O fato só aconteceu porque foi com uma mulher negra, outra pessoa não teria sido jogada no porta-malas, mas no mínimo colocada no banco traseiro. Isso é desumano. A polícia pensa que todos que estão na periferia são marginais, homens, mulheres, adolescentes. Nós enfrentamos muita violência, agressão, puxão de cabelo, tapa na cara. Infelizmente, 

uma mulher negra teve que morrer de forma tão brutal para que essa violência viesse à tona e, felizmente, houve uma filmagem para comprovar, denunciar e fazer um alerta. Nós queremos justiça!”, reivindica Lindinalva de Paula, da Rede de Mulheres Negras da Bahia e do Nordeste.

Em sua página, as blogueiras feministastambém fazem ecoar a denúncia e questionam: Quem vai gritar por Cláudia? Quem vai saber seu nome além dos familiares e das pessoas de sua comunidade? Quem vai se insurgir contra os criminosos fardados, agentes do Estado? Quem pedirá a responsabilização desses agentes? Por que o barulho diante dessa brutalidade perpetrada por agentes públicos é tão menor? Será que o corpo de Cláudia, uma mulher negra e moradora da periferia, vale menos? Por que poucos sabem seu nome?

O preconceito muitas vezes é velado, mas ele não tarda a vir à tona. De acordo com depoimento dos policiais, eles se assustaram com o copo de café que Cláudia levava na mão e a alvejaram com um tiro na cabeça e outro no peito. Em entrevista, a filha de Cláudia disse que os policiais pensaram que ela era “bandida” e que tinha envolvimento com o tráfico. Mas a custa de quê eles pensaram isso?

“O motivo? Que motivo!? Cláudia era negra e moradora da periferia, isso já é mais do que justificativa para a polícia militar brasileira, que mata mais do que os países que tem a pena de morte instituída”, denunciam as comunicadoras do blogueiras feministas.

Ato de repúdio
Nesta sexta-feira, 21 de março, Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial, a Rede de Mulheres Negras da Bahia e do Nordeste realiza um ato de repúdio à violência contra as mulheres negras. O ato acontece a partir das 10h em frente à Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Todos são chamados a ir de roupa branca para fazer uma homenagem à memória de Cláudia e de tantas outras vítimas do racismo e da violência.

Lindinalva explica que a Rede de Mulheres já estava organizando um ato de denúncia à violência contra as mulheres negras, já que nas festas em Salvador e, sobretudo, no Carnaval, muitos atos violentos foram registrados. Com a morte violenta de Cláudia, ocorrida durante a preparação da manifestação, decidiram ampliar as reivindicações no dia 21 de março e homenageá-la.

O site http://thinkolga.com/ também decidiu fazer uma homenagem e lembrar o caso de um jeito mais humano, fugindo do sensacionalismo. A iniciativa chamada “100 vezes Cláudia” quer retratá-la com mais carinho do que foi visto nos últimos dias. O site está recendo imagens de Cláudia vindas de diferentes locais e artistas e quer chegar a 100 artes. A ideia é “devolver a dignidade roubada por criminosos”.

Fonte: ADITAL