Depois do adesivaço de sábado, o Sindicato dos Engenheiros do Estado de Rondônia (Senge) e o Sindicato dos Urbanitários (Sindur) prosseguem esta semana a campanha Diga não à privatização da Ceron. De acordo com seus dirigentes, ao contrário de outros estados brasileiros, o nome Ceron sofreu uma tentativa de apagão e perda de identidade, e essa troca de nome de Ceron [Centrais Elétricas de Rondônia S/A] para Eletrobras Distribuição Rondônia, “fragilizou a empresa, com objetivo de vendê-la.”
“Queremos que a população nos ajude nesta luta. A região Norte tem grandes distâncias e sem a participação do financiamento público, muito dificilmente será possível levar qualidade de vida a quem está na ponta, agricultores e ribeirinhos, por exemplo”, disse o presidente do Senge-RO, Edson Rigoli.
Outros estados, lembrou Rigoli, já privatizaram empresas e uma das primeiras consequências foi o imediato aumento da conta de energia elétrica. Ele alertou a população contra a venda da empresa rondoniense de distribuição de energia: “Pode sobrar até para o estado, com iminente perda do ICMS [Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços], em consequência da geração de energia termelétrica, de alto custo.”
No primeiro dia, cerca de 50 veículos deixaram a sede do Senge-RO com a mensagem anti-privatização.
O adesivaço continua, paralelamente à distribuição de painéis e out doors em residências de funcionários da empresa, de parentes, familiares e amigos, e da mobilização em TVs, rádios, blogs, sites e jornais. No corpo a corpo serão distribuídos botons, camisetas, cartilhas e panfletos.
“O governo federal corre num ritmo a toque de caixa nesse processo de privatização, prevendo-se que até o final deste ano tudo esteja sacramentado, e poucos estão a par da real situação e da desfaçatez com que o governo federal trata situação tão delicada, faltando com a clareza e a transparência tão essenciais no mundo atual”, alertou.
Os dois sindicatos rondonienses e a Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge) pretendem questionar a privatização de grandes empresas públicas. Com o mote “resistir e lutar”, conclamaram pessoas interessadas a debater o papel de financistas estrangeiros – chineses e italianos especialmente –, que já compraram empresas noutros estados e chegaram rapidamente à Amazônia.
“Os sindicatos veem a mobilização como única forma encontrada pelas entidades sindicais e outros segmentos, para demonstrar que a conta maior resultará em perdas sucessivas para os bolsos dos trabalhadores rondonienses e brasileiros”, alertou o tecnólogo Valdemir Pires, outro dirigente do Senge.
A QUEM INTERESSA A VENDA DA CERON
“No nosso cotidiano, quando alguém está vendendo alguma coisa em momentos de dificuldades financeiras nos perguntamos: este é mesmo o momento de vender, considerando que ele pode estar perdendo muito dinheiro? É o caso do governo atual, vendendo todos os seus bens em plena crise, a preços de ocasião”, frisou Pires.
“Esse é o caso da venda de uma das empresas distribuidoras do Grupo Eletrobras, a especialíssima Ceron, a maior empresa do Estado de Rondônia, porque o (des)governo, que assumiu ainda interinamente o País recomendou que a assembleia de acionistas da Eletrobras deliberasse pela não prorrogação das concessões das distribuidoras nos Estados do Acre, Alagoas, Amazonas, Piauí, Rondônia e Roraima”, lamentou.
“Em consequência, o Ministério de Minas e Energia definiu que as próprias distribuidoras ficariam designadas como prestadoras de Serviço Público de Distribuição de Energia Elétrica até 31/12/17 ou até a finalização do processo de aquisição das mesmas por um novo concessionário.
Segundo ele, a Centrais Elétricas de Goiás (CELG) foi avaliada por duas empresas especializadas no setor, “contratadas a peso de ouro”, resultando meses depois na apresentação dos valores de R$ 2,7 bilhões e R$ 2,8 bilhões. Lembrou Pires “bastou que primeiro leilão se sagrasse deserto”, para que o Governo Federal decretasse um deságio de R$ 1 bilhão, sem nenhuma nova avaliação oficial.
Fonte: Expressão Rondônia