Sindicatos associados à CTB e à CUT e também representantes do CRT e da Federação Única dos Petroleiros (FUP) reuniram-se nesta terça-feira (14), no Rio de Janeiro, para unificar propostas com o objetivo de relançar o Fórum da Indústria Naval, com um número ampliado de participantes – trabalhadores, empresários e órgãos governamentais — e uma agenda de ações concretas a serem desenvolvidas. Entre elas, os trabalhadores querem o cancelamento das licitações de duas plataformas FPSO P-84 e P-85 da Petrobras, vencidas por empresas de Singapura e cuja produção ainda não foi iniciada, para que sejam contratadas no Brasil.
“Essas duas plataformas juntas representam cerca de 20 mil postos de trabalho diretos, que poderão ser distribuídos por vários estaleiros brasileiros”, afirmou Edson Rocha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói e coordenador do setor naval da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM-CUT). Ele adianta que a pauta para o setor vai ainda defender junto à Petrobras e à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP) a ampliação do índice de conteúdo local dos investimentos — de 25% para 40%, num primeiro momento, chegando a 75% após a recomposição da cadeia produtiva do segmento.
A reunião aconteceu no Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge RJ), com a participação dos sindicatos de metalúrgicos do Rio de Janeiro, de Angra dos Reis, do CRT (técnicos industriais), e dos Marítimos (Sindmar), além da CTB e FUP. Um novo encontro de representações de trabalhadores está marcado para o dia 23, também no Senge RJ. O passo seguinte, a princípio programado para o dia 4 de abril, será reunirem-se com entidades empresariais (ligadas à cadeia produtiva do setor naval e ao transporte marítimo fluvial), parlamentares e agentes do poder público. A partir daí, será preparado o relançamento do Fórum do Setor Naval, desta vez com uma pauta unificada, provavelmente ainda em abril.
De acordo com o presidente da CTB-RJ, Paulo Sérgio Farias, o Paulinho, “o objetivo desse debate é a retomada do setor naval no Brasil, mas com um recorte muito específico relacionado ao segmento offshore, uma vocação no Rio de Janeiro”. Ele destaca a declaração de intenções feita pelo presidente Lula de voltar a ver a construção de navios no estado. “O setor naval tem importância estratégica para o desenvolvimento do país. A nossa reunião visou unificar e reativar o Fórum do Setor Naval, trabalhando a perspectiva de elaboração de um manifesto comum”, afirma Paulinho.
O documento deve juntar o texto em fase de construção e que foi deliberado em reunião ocorrida no Sindicato dos Marítimos, ligado à CTB, com a Agenda de diretrizes para a retomada do setor naval – uma contribuição ao desenvolvimento e à soberania nacional, elaborada no ano passado, ao longo do “Seminário Nacional: A importância da recuperação do setor naval para a retomada do desenvolvimento e da soberania do Brasil”, organizado pelos sindicatos dos engenheiros do Rio de Janeiro (Senge RJ), do Rio Grande do Sul (Senge-RS) e de Pernambuco (Senge-PE), pela Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge), pelo Dieese, pela CNM/CUT e pelo Clube de Engenharia.
Também está sendo feito um mapeamento das propostas que poderão ser postas em prática de imediato, ou em prazo curto. Por exemplo, o resgate das plataformas FPSO P-84 e P-85, que estão em produção em Singapura. Edson lembra que, em 2004, no primeiro governo Lula, as plataformas P-43 e P-48 estavam contratadas fora do país, mas, com apenas a parte flutuante em andamento, foram trazidas de volta para construção no Brasil de todos os seus módulos de produção.
“Não podemos perder tempo”, alerta Edson. Na avaliação do dirigente do CNM-CUT, a elaboração e o atendimento das reivindicações dos trabalhadores não podem esperar a posse do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, que só deve acontecer em primeiro de abril, com a instalação do novo Conselho de Administração da estatal. “É preciso agir rápido para recuperar o setor.”
O dirigente quer a volta do ápice de empregabilidade do setor, em 2014, quando os estaleiros brasileiros chegaram a ter 82,4 mil empregados, e a sua ampliação, fazendo do segmento naval um dos carros-chefes do desenvolvimento do país, inclusive fazendo parte da transição energética, por meio da produção de aços, equipamentos até eólicas offshore. Hoje, segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), são cerca de 21,4 mil trabalhadores no país inteiro.
“Vamos relançar o Fórum do Setor Naval mais forte e representativo, para recuperar esse segmento estratégico para o desenvolvimento, a soberania, a tecnologia e o avanço do país e, em especial, do Estado do Rio de Janeiro”, afirma o presidente do Senge RJ, Olímpio Alves dos Santos.
Fonte: Senge-RJ