A distribuição da água contaminada com a alga geosmina partiu de uma decisão direta do presidente da Cedae, Hélio Cabral.
A denúncia do Sindicato dos Engenheiros do Rio foi dada em primeira mão pelo portal de notícias de Niterói Toda Palavra e confirmada pela BandNews FM.
De acordo com o presidente do sindicato, Olímpio Alves dos Santos, o procedimento de suspender a captação em casos de grande quantidade de poluição é padrão e não depende de ordem superior para ser implementado.
No entanto, no início do ano, Hélio Cabral determinou a continuidade do tratamento da água correndo risco da contaminação.
“Quando a água vem por demais poluída, o pessoal fecha as comportas, deixa passar. Isso causa uma pequena falta d’água em algumas regiões e depois eles abrem as comportas e tratam a água menos poluída. Então, quando houve esse problema, eles consultaram o presidente, que mandou admitir água e tratar”, afirma o presidente do sindicato.
O chefe da Estação de Tratamento de Água do Guandu, Júlio César Antunes, foi exonerado do cargo no dia 14 de janeiro, no décimo-segundo dia da crise do abastecimento de água. À época, a Companhia Estadual de Águas e Esgotos não deu detalhes sobre o motivo da saída do diretor.
O sindicato afirmou que já entrou na Justiça pedindo o afastamento de Hélio Cabral da presidência.
Em nota, a Cedae respondeu que não recebeu nenhuma solicitação para suspender a captação de água em casos de grande quantidade de poluição.
O presidente da Companhia falou para representantes do Conselho Estadual de Recursos Hídricos, nesta quarta-feira (29), que o Estado não tem recursos para investir a curto prazo no que chamou de “universalização do esgoto”.
Essa foi uma das medidas anunciadas pelo governador Wilson Witzel que afirmou, no entanto, que só conseguirá a verba após o leilão.
O Governo prometeu ainda um gasto de cerca de 700 milhões para a construção de uma outra Estação de Tratamento no Estado e ainda transposição de 3 afluentes do Rio.
Nesta quarta-feira (29), a empresa afirmou que começa um novo processo de tratamento a curto prazo. De acordo a Cedae, um tipo de argila que é ionicamente modificada, vai ser aplicada na lagoa que está próxima à captação na Estação do Guandu, na Baixada Fluminense.
A empresa afirma que o objetivo do tratamento é complementar o carvão ativado, já que o produto impede que o principal alimento da alga se prolifere.
A professora do departamento de engenharia sanitária e ambiental da UERJ, Rosane Cristina de Andrade, explica que o produto pode dar resultados em até 24h, mas se trata de uma medida emergencial.
“Na verdade, após a aplicação da argila, esse fósforo que está solúvel na água vai decantar em até 24 horas e a argila modificada vai continuar ativa. Então, ela vai absorver esse fósforo que agora está decantado no fundo da lagoa. É um produto que não oferece riscos à saúde aquática e nem à saúde humana”, explica a professora.
Segundo a Cedae, a argila é utilizada em estados como Rio Grande do Sul e Bahia, além de tratamentos na Inglaterra e na Escócia.
A Cedae não informou se cumpriu a decisão judicial que determinou o envio de um plano de monitoramento e avaliação da qualidade da água e de verificação da rede de distribuição, até esta quarta-feira (29).
Por Pedro Antonio Guimarães/Band News