Em tempos sombrios, em que o mundo se depara com a perda progressiva de direitos sociais e com o ressurgimento de movimentos de extrema-direita, o documentário “Dedo na Ferida”, dirigido pelo cineasta Silvio Tendler, tem sua pré-estreia no Rio de Janeiro dia 30 de maio, quarta-feira, no Estação NET Botafogo, às 21h30m, Sala 5 e a estreia nacional dia 31 de maio, quinta-feira.
O Estação NET Botafogo fica na Rua Voluntários da Pátria, 88, Tel. (21) 2226 1988.
Eleito pelo público como “Melhor Documentário” no Festival do Rio 2017, selecionado na mostra competitiva do Festival de Havana (Cuba) em 2017, e premiado neste mês de maio com Menção Honrosa no Festival de Cinema Político da Argentina (FICIP 2018) , o filme chega às salas de cinema nas seguintes praças e datas: Rio de Janeiro (31 de maio), Fortaleza (5 de junho), Brasília (7 de junho), São Paulo e Porto Alegre (21 de junho).
Realizado em parceria com o Sindicado dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge-RJ) e a Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge), “Dedo na Ferida” se afirma como um filme incomodamente atual. Com a precisão de um olhar lapidado em mais de 80 obras de cunho histórico e social, o diretor trata do fim do estado de bem-estar social e da interrupção dos sonhos de uma
vida melhor para todos, em uma conjuntura onde a lógica homicida do capital financeiro inviabiliza qualquer alternativa de justiça social.
Para traçar um panorama do cenário contemporâneo, Silvio Tendler realizou mais de 25 horas de filmagens, nas cidades do Rio de Janeiro, Japeri e Cachoeiras de Macacu (RJ), São Paulo (SP), além de Paris (França) e Atenas (Grécia), onde entrevistou nomes como Yanis Varoufakis, ex-ministro das Finanças da Grécia; Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil; Paulo Nogueira Batista Jr, vice-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento – Brics; o cineasta Costa-Gavras; os intelectuais Boaventura de Sousa Santos (Universidade de Coimbra, Portugal), David Harvey (University of New York, Estados Unidos) e Maria José Fariñas Dulce (Universidade Carlos III, Espanha); os economistas Ladislau
Dowbor (PUC-São Paulo), Guilherme Mello (Unicamp) e Laura Carvalho (USP), entre outros pensadores que interferem no mundo contemporâneo. “Dedo na Ferida” discute o retrocesso ideológico a posições neoconservadoras, pautado pelo empobrecimento da classe média, pela falência dos Estados e pelo
desemprego. Examina de que forma o capitalismo deixou de ser produtivo para se tornar meramente especulativo, motivado pela aposta na geração de dinheiro fácil. O sistema financeiro, que deveria servir ao propósito de levar recursos dos setores superavitários para os deficitários interessados em investir em produção, abandonou o papel de “atravessador” e se assumiu como fim principal das transações econômicas.
Em nome dos interesses do grande capital internacional, um pequeno grupo comanda o destino dos recursos do planeta. Para esse 1% mais rico da população, uma crise nunca deve ser desperdiçada. Quebras de bolsas de valores, estouro de bolhas especulativas e a bancarrota de países que levam famílias para linha da miséria viram uma oportunidade para aumentar o seu capital, seu poder e sua influência. Eles são os donos do poder. Sessenta e cinco famílias têm, aproximadamente, a mesma
riqueza que metade da população mundial. Bancos, seguradoras, fundos de investimento e elites econômicas navegam em uma esfera onde taxas de juros e dívidas de governos são a moeda mais forte.
Os governos nacionais perdem autonomia e passam a lutar contra massas de capital que circulam livremente pelo globo. Grécia, Espanha, Portugal, Brasil e tantas outras nações veem seus destinos definidos pelos interesses da esfera financeira. Grandes corporações, que, por vezes, detém orçamentos mais robustos do que o de alguns Estados, atuam como um “governo sombra”, guiando políticas públicas que favorecem à maximização de seus lucros.
Consideradas importantes demais para falir, grandes corporações envolvidas diretamente na crise que atingiu o sistema econômico internacional em 2008 não foram responsabilizadas pelo estrago causado na economia produtiva. Operando dentro da lei e socorridas com dinheiro público, seguem acumulando um capital volátil, transnacional, pouco produtivo e guardado em paraísos fiscais. E elas estão prontas
para lucrar na próxima crise.
Sobre Silvio Tendler
Em 48 anos de carreira, Silvio Tendler produziu e dirigiu cerca de 80 obras e possui as três maiores bilheterias do documentário brasileiro. Em 2008 foi homenageado no Festival de Cinema de Paris. Em 2006 lançou Encontro com Milton Santos: o mundo global visto do lado de cá, prêmio de melhor filme do Júri Popular no Festival de Brasília.
Em 2003, lançou Glauber o filme, labirinto do Brasil, prêmio de melhor filme do Júri Popular e do Júri da Crítica do Festival de Brasília (2003); Seleção Oficial hors concours do Festival de Cannes; Festival de Trieste; Mostra do Amanhã em Roma e Pádova; Festival de Cinema do Rio (2003). Em 1984, lançou Jango – como, quando e por que se derruba um presidente, Prêmio Especial do Júri, melhor filme do Júri Popular e melhor trilha sonora do Festival de Gramado (1984); Prêmio Especial do Júri do Festival de Havana (1984). Em 1980, lançou Os anos JK – Uma trajetória política, Prêmio Especial do Júri e Prêmio de Melhor Montagem no Festival de Gramado (1980).
Em 2014 produziu, em parceria com o Sindicato de Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge-RJ) e a Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge), com o apoio da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o documentário Privatizações: A Distopia do Capital e em 2017, ainda em parceria com o Senge-RJ e a Fisenge, o Dedo na Ferida.
Dedo na ferida
Classificação indicativa – Livre
Ano de produção – 2017
Direção e Argumento -Silvio Tendler
Roteiro –Silvio Tendler e Sérgio Barbosa de Almeida
Produção Executiva -Ana Rosa Tendler
Diretora Assistente -Lilia Souza Diniz
Edição -Francisco Slade
Coordenação de Pós-Produção -Tao Burity
Produção -Maycon Almeida
FONTE: SOS BRASIL SOBERANO