Senge-VR: Sindicato luta pelo reaproveitamento das vigas da Perimetral

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Mesmo com data marcada para o início da derrubada das mais de 600 vigas restantes do Elevado da Perimetral, no Rio de Janeiro, o presidente do Sindicato dos Engenheiros de Volta Redonda (SENGE-VR), João Thomaz, continua com o projeto de reaproveitamento do material.
“Ainda há esperanças, 62% das vigas ainda podem ser salvas e utilizadas de diversas formas”, afirmou Thomaz. “Estamos indicando soluções através de uma comissão do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-RJ) formada por técnicos qualificados, que trabalharam na fabricação e montagem dessas estruturas de aço e dizem com toda certeza que o material pode ser reutilizado”.

Durante uma Audiência Pública com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) em Volta Redonda, realizada em dezembro de 2013, a solução foi sugerida. O encontro apresentou o projeto da construção de uma terceira pista na Serra das Araras, na Rodovia Presidente Dutra, com 8,6 km de extensão, sendo 6km em viadutos. O custo total chega a um bilhão de reais e o prazo para conclusão é de três anos.

Segundo João Thomaz, no projeto consta um túnel que será escavado na rocha e viadutos com pilares de até 60 metros de altura. O uso de vigas de concreto de 30 metros de comprimento está previsto na apresentação. “Nossa sugestão foi de reaproveitar as vigas metálicas que serão demolidas da Perimetral, cujos vãos variam de 36 a 45 metros”, disse.

A grande vantagem apresentada pela comissão do CREA-RJ é que as vigas possuem elevada resistência mecânica, pesando 5 vezes menos do que as vigas de concreto e, como consequência, diminuiria o número de pilares e praticamente ausentaria a manutenção do aço especial.

“Com isto, podemos aumentar a distância entre pilares, reduzindo a sua quantidade, o tempo e o custo da obra em milhões de reais, cerca de 30%”, explicou o engenheiro Ildony H. Bellei, que também faz parte da comissão do CREA-RJ. “Isso significa menos transtorno no tráfego e evita possíveis acidentes durante a construção da obra, já que as vigas são de fácil de manuseio e podem ser cortadas e ressoldadas nas dimensões desejadas” acrescentou.

De acordo com o presidente do SENGE-VR, 62% das vigas da Perimetral não serão implodidas, e sim retiradas utilizando martelete da escavadeira pneumática. “Dessa forma, as vigas, de alta resistência à corrosão, vão sair em uma situação excelente de reaproveitamento e podem ser usadas em pontes, viadutos, monotrilhos, etc”, afirmou.

Thomaz também disse que esta obra na rodovia já deveria estar concluída. “O prazo da Nova Dutra era o ano de 2012, de acordo Edital de Privatização”.

O histórico do projeto para reaproveitamento das vigas do Elevado da Perimetral (RJ) – Uma equipe de membros do SENGE-VR, formada pelos engenheiros João Thomaz, Ildony H. Bellei e Fernando O. Pinho; montou, em agosto de 2013, um projeto de reaproveitamento das vigas do Elevado da Perimetral. A intenção era apresentar a ideia para o prefeito de Volta Redonda Antônio Francisco Neto, para que fosse criada uma via de comunicação entre o SENGE-VR e o município do Rio de Janeiro. Como a ação não obteve êxito, a equipe procurou o CREA-RJ.

O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia criou uma comissão para levar o caso à frente. O grupo era formado pelos engenheiros João Thomaz, Ildony H. Belley, Fernando O. Pinho e integrantes do CREA-RJ.

Em 10 de outubro, a deputada estadual Inês Pandeló, em apoio à ideia, enviou ofícios para o governador Sérgio Cabral; vice-prefeito do Rio de Janeiro, Adilson Pires; e o secretário de Obras do Estado do Rio de Janeiro, Hudson Braga. Pandeló encaminhou a proposta do SENGE informando que o projeto poderia diminuir em até 40% o custo de obras públicas.

Ainda em outubro, seis vigas, que já haviam sido retiradas, foram roubadas. Pelo ocorrido, João Thomaz solicitou ao CREA-RJ que tomasse uma ação incisiva junto à Prefeitura do Rio de Janeiro para oficializar o aproveitamento do material. Em 24 de outubro, Thomaz entrou no Ministério Público com um pedido de tomada de providências contra a Prefeitura do Rio, por vender o material como sucata.

Após tentativas de introdução do projeto, inclusive com apoio da mídia de Volta Redonda, cidades vizinhas e do Rio de Janeiro; a primeira parte do Elevado da Perimetral foi implodida em 24 de novembro de 2013.

No dia 6 de dezembro, a equipe do projeto das vigas participou da Audiência Pública da ANTT sobre a Duplicação da Serra das Araras. O grupo novamente fez a sugestão de utilizar as vigas sobressalentes do Elevado da Perimetral para diminuição dos custos da obra. A Agência informou que avaliará a questão; mas, até o momento o grupo não obteve resposta.

No dia 27 de dezembro, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, anunciou a total interdição do Elevado a partir de 25 de janeiro de 2014. “As estruturas de aço têm uma vida útil de 300 anos, e só foram usadas por 35. Uma única viga de 40 metros de comprimento pesa 20 toneladas e seu valor chega aos R$ 240.000,00, isso já preparada para o uso”, explicou o engenheiro Fernando O. Pinho. “O aço foi produzido na CSN e suas vigas foram fabricadas na antiga FEM (Fábrica de Estrutura Metálica), em Volta Redonda”.

O descaso com o dinheiro público: “O que está acontecendo é um descaso do dinheiro público. Que contraria todos os discursos dos gestores públicos, que se dizem caminhar na mesma mão do povo; mas na prática estão na contramão do processo democrático, moral e ético”, disse o presidente do SENGE-VR. “Essas obras geram muitos acidentes e transtornos no tráfego. Esta sugestão poderia economizar milhões, tempo e saúde para a população”.

Segundo Thomaz, o não aproveitamento dessas vigas contraria a prática da reengenharia com seus projetos de sustentabilidade e economia verde. “Infelizmente, isto nos leva a crer que existe um conchavo entre o Estado e as empreiteiras”, finalizou Thomaz.