Após o roubo, nesta semana, de seis das 18 vigas que já foram retiradas do Elevado da Perimetral, na cidade do Rio de Janeiro, é essencial considerar que ainda existem mais de mil vigas que serão removidas. De acordo com o presidente do Sindicato dos Engenheiros de Volta Redonda (SENGE-VR), João Thomaz, é essencial se certificar de que o material a ser retirado da construção seja protegido para que possa ser reutilizado posteriormente.
“A vida útil das vigas é superior a 300 anos e só as utilizamos por 35. O roubo será muito maior se não reutilizarmos corretamente as mil vigas que serão retiradas”, finalizou João Thomaz.
Uma única viga de 40 metros de comprimento pesa 20 toneladas e seu valor chega aos R$ 240.000,00, isso já preparada para o uso. Caso ela vire sucata, o seu preço cai drasticamente para R$ 0,90 por quilo, totalizando R$ 18.000,00 por viga. Podemos concluir que, se ocorrer este processo de sucateamento do material, serão R$ 222.000,00 perdidos por cada viga, depreciando o valor real dessas vigas de aço especial (CORTEN e NIOCOR).
Em agosto, um grupo de engenheiros de Volta Redondaidealizou um projeto para o reaproveitamento das vigas do Elevado da Perimetral. O objetivo desta ação é reutilizar o material em novas obras, o que reduziria o valor das construções em até 45%. Os engenheiros, incluindo o presidente João Thomaz, propõem essa ‘reciclagem’ em obras públicas.
Desta maneira, as vigas sobressalentes do elevado poderiam ser usadas, por exemplo, em construções na Rodovia Presidente Dutra, pontes sobre o Rio Paraíba do Sul, viadutos sob rodovias e ferrovias por todo o estado do Rio de Janeiro, no Elevado do Joá (que interliga São Conrado à Barra da Tijuca), etc.
Até o momento, a equipe já fez reuniões para a apresentação do projeto para aqueles que podem colocar o projeto em prática: o prefeito de Volta Redonda, Antônio Francisco Neto; o presidente de CREA-RJ, Agostinho Guerreiro; e o secretário de Planejamento de Barra Mansa, Ronaldo Alves. “Nós procuramos a Prefeitura do Rio de Janeiro, mas não obtivemos resposta, por isso, buscamos outras entidades a fim de que elas possam fazer essa ‘ponte’ entre nós e o Governo Municipal do Rio”, explicou o engenheiro Ildony Belley, um dos integrantes do grupo.
“A grande vantagem do projeto de reaproveitamento dessas vigas se baseia no princípio da economia verde. A engenharia deve estar com olhar voltado para o reaproveitamento e reciclagem de produtos, diminuindo os impactos no meio ambiente, reduzindo a escassez de nossos recursos naturais e combatendo o efeito estufa”, pontuou João Thomaz.
Ainda de acordo com Thomaz, outro ponto importante é que, como as vigas já estão prontas, o custo pode ser reduzido em, pelo menos, 45% do custo de uma nova obra. “Isso economizaria milhões aos cofres públicos. O processo também é mais rápido, pois diminui interferências no trânsito, além do custo de manutenção ser bem mais baixo em relação às vigas de concreto armado, ao longo dos anos”, disse.
O Elevado Perimetral está situado entre a Praça Quinze e o início da Ponte Rio-Niterói e foi construído há mais de 40 anos. Possui uma extensão de 7.326 metros, sendo que em sua estrutura foram utilizadas 25.500 toneladas de aço com alta resistência à corrosão, que não necessitam de excessiva manutenção. “O aço foi produzido na CSN e suas vigas foram fabricadas na antiga FEM (Fábrica de Estrutura Metálica), em Volta Redonda, com 12 metros de comprimento e soldadas até 36 metros. Poderíamos construir 250 pontes com as mil vigas que serão retiradas do Elevado da Perimetral”, exemplificou o engenheiro Fernando O. Pinho, o terceiro membro do grupo.
Fonte: Senge-VR