Senge-PR: Sindicatos cobram transparência da Copel Telecom sobre possível privatização

Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp
Share on email

Por Manoel Ramires

Empresa deve divulgar na semana que vem o que pretende “abrir mão”.

Presidente da Copel Telecom participa de reunião com sindicatos. Foto: Manoel Ramires

Presidente da Copel Telecom participa de reunião com sindicatos. Foto: Manoel Ramires

A reunião com a diretoria da Copel teve cobrança contra a privatizações da Copel Telecom. Para os negociadores sindicais, qualquer outra empresa que adquira a Copel Telecom não terá a mesma qualidade do serviço construído ao longo de 40 anos. Quem perde com essa ideia são os funcionários e a população.

Os sindicalistas rebateram o argumento de que é necessário abrir mão de uma empresa rentável. “Somos contra a atitude de privatizar. Isso vai ser prejudicial. A Copel Telecom foi criada para atender a Copel e depois se abriu para o mercado. É uma fatia que cresce 20% e a Copel Telecom é a melhor empresa de banda larga. Ela tem bons profissionais e estrutura construída ao longo de 40 anos. Ela é rentável. Por quê o governo quer se desfazer dela?”, questiona Jimi Hélio, do Sinel.

De acordo com Alexandre Donizetti, do Sindenel, o processo de privatização das empresas já era alertado no governo de Beto Richa (PSDB). “Nós fomos a ALEP alertar os deputados contra a privatização da empresa, o que gerou uma audiência pública. Se naquele momento estávamos arranhando a possibilidade, agora vamos expor a importância da Copel e Compagas para a população”, destaca.

O representante da Copel, o gerente assistente da Diretoria de Gestão Empresaria (DGE) Cassio Vargas Pinto, admitiu que a empresa é rentável e muito bem avaliada pelos consumidores. No entanto, justificando uma possível venda, ele argumentou que o mercado de banda larga é muito complexo e que não há interesse do governo do estado seguir investindo na empresa.

“De fato, a Copel Telecom está acelerando processo de desinvestimento do que não é prioritário. O mercado é muito competitivo. Tem que destinar muito caixa e é um risco alto”, alega. Segundo Cássio, não está definido formalmente o que vai ser vendido ou não. Depende do balanço dos ativos que está sendo apurado pelo grupo de trabalho. A apresentação dos resultados era para acontecer no começo de maio, mas foi adiado.

Vice-presidente do Senge-PR, Leandro Grassmann questionou a necessidade de privatizar a empresa. Foto: Manoel Ramires

Vice-presidente do Senge-PR, Leandro Grassmann questionou a necessidade de privatizar a empresa. Foto: Manoel Ramires

O engenheiro e vice-presidente do Senge-PR, Leandro José Grassmann, cobrou mais seriedade do governador Ratinho Júnior e do presidente da Copel Telecom Wendell. Ele considera que o processo de privatização está torto e está sendo feito da pior forma possível.

“A gente percebe que tanto o governador quanto o presidente Wendell anunciaram a venda sem dar detalhes de informações.  Em todas as entrevistas, o presidente da Copel Telecom diz que vai vender a empresa. Ele não coloca que está em negociação, que pode ser vendida apenas partes dela”, compara.

Para Grassmann, os argumentos para a venda são superficiais e simplistas. É necessário aprofundar o debate. “Os comunicados de venda estão sendo feitos somente ‘para fora’ e levam em conta os interesses do mercado. O que se ouve nos corredores é que os funcionários não estão sendo informados ou participam do processo”, alerta.

A falta de transparência na condução apavora os 478 funcionários da empresa. Leandro suspeita que a privatização atende a interesses que não trazem benefícios aos paranaenses. “O que me preocupa é que isso é uma encomenda aparentemente com o resultado já estabelecido”.

Vender por vender

Wendell diz que quer conversar com todos atores do processo. Foto: Manoel Ramires

Wendell diz que quer conversar com todos atores do processo. Foto: Manoel Ramires

Presente à reunião no período da tarde, o presidente da empresa, Wendell Alexandre Paes Oliveira, admitiu que foi contratado pelo governador Ratinho Júnior para vender a empresa, entregando ao mercado. Em seu discurso, ele alegou que a privatização da Copel Telecom se deve ao crescimento do mercado de banda larga e a maior competitividade de outras empresas. Para Wendell, apesar da empresa paranaense ser a líder na avaliação dos consumidores, não compensa competir com a OI, VIVO e outras.

“A Copel Telecom é uma empresa rentável e reconhecida. Tem estrutura e malha invejável, com equipe técnica considerada a melhor do mercado. Mas que não tinha concorrência. De dois anos para cá, a concorrência cresceu. Elas são maiores, mais ágeis e com mais capacidade de investimentos”, avaliou Wendell.

Ele comentou que não está definido o que será vendido. “Temos um estudo em andamento da viabilidade desse processo”. Por ora, a intenção não é ‘vender as pessoas’ junto com a empresa. Estes empregados podem permanecer na Copel, prestando serviços à empresa de energia ou ao mercado.

Ao defender a privatização, Wendell disse que está conversando com todos os atores – Tribunal de Contas do Estado, trabalhadores, sindicatos, investidores, bancos – e que é papel da Assembleia Legislativa tomar essa decisão. Ele minimizou o papel social da Copel Telecom.

“A Copel Telecom não tem função social; Quem tem é o estado. A empresa é de economia mista. A privatização vai levar às cidades pequenas internet mais barata e rápida. Já as escolas vão poder comprar internet mais barata”, aposta.

Em artigo “Venda da Copel Telecom pode desconectar escolas estaduais e municípios”, o engenheiro e vice-presidente do Senge PR, Leandro José Grassmann, alertou que “a Copel Telecom promove acesso à internet e redes de comunicação de dados a municípios e Escolas Estaduais. São 2205 Escolas Estaduais conectadas, de acordo com a Celepar”.

Já sobre as cidades pequenas, Leandro destacou que a internet só pode ser mais barata com o subsídio do governo: “Por meio de incentivos, como a isenção de impostos e financiamentos a juros baixos, o governo pretendia incentivar a modernização da gestão pública nas prefeituras e levar internet de qualidade à maior parte dos cidadãos. A Copel Telecom forneceu os acessos. Os provedores tiveram redução de 95% no ICMS, além de financiamento pelo Fomento Paraná, com juros abaixo de mercado”, contra argumentou.

 
Fonte: Senge-PR