Empresa deve divulgar na semana que vem o que pretende “abrir mão”.
Presidente da Copel Telecom participa de reunião com sindicatos. Foto: Manoel Ramires
A reunião com a diretoria da Copel teve cobrança contra a privatizações da Copel Telecom. Para os negociadores sindicais, qualquer outra empresa que adquira a Copel Telecom não terá a mesma qualidade do serviço construído ao longo de 40 anos. Quem perde com essa ideia são os funcionários e a população.
Os sindicalistas rebateram o argumento de que é necessário abrir mão de uma empresa rentável. “Somos contra a atitude de privatizar. Isso vai ser prejudicial. A Copel Telecom foi criada para atender a Copel e depois se abriu para o mercado. É uma fatia que cresce 20% e a Copel Telecom é a melhor empresa de banda larga. Ela tem bons profissionais e estrutura construída ao longo de 40 anos. Ela é rentável. Por quê o governo quer se desfazer dela?”, questiona Jimi Hélio, do Sinel.
De acordo com Alexandre Donizetti, do Sindenel, o processo de privatização das empresas já era alertado no governo de Beto Richa (PSDB). “Nós fomos a ALEP alertar os deputados contra a privatização da empresa, o que gerou uma audiência pública. Se naquele momento estávamos arranhando a possibilidade, agora vamos expor a importância da Copel e Compagas para a população”, destaca.
O representante da Copel, o gerente assistente da Diretoria de Gestão Empresaria (DGE) Cassio Vargas Pinto, admitiu que a empresa é rentável e muito bem avaliada pelos consumidores. No entanto, justificando uma possível venda, ele argumentou que o mercado de banda larga é muito complexo e que não há interesse do governo do estado seguir investindo na empresa.
“De fato, a Copel Telecom está acelerando processo de desinvestimento do que não é prioritário. O mercado é muito competitivo. Tem que destinar muito caixa e é um risco alto”, alega. Segundo Cássio, não está definido formalmente o que vai ser vendido ou não. Depende do balanço dos ativos que está sendo apurado pelo grupo de trabalho. A apresentação dos resultados era para acontecer no começo de maio, mas foi adiado.
Vice-presidente do Senge-PR, Leandro Grassmann questionou a necessidade de privatizar a empresa. Foto: Manoel Ramires
O engenheiro e vice-presidente do Senge-PR, Leandro José Grassmann, cobrou mais seriedade do governador Ratinho Júnior e do presidente da Copel Telecom Wendell. Ele considera que o processo de privatização está torto e está sendo feito da pior forma possível.
“A gente percebe que tanto o governador quanto o presidente Wendell anunciaram a venda sem dar detalhes de informações. Em todas as entrevistas, o presidente da Copel Telecom diz que vai vender a empresa. Ele não coloca que está em negociação, que pode ser vendida apenas partes dela”, compara.
Para Grassmann, os argumentos para a venda são superficiais e simplistas. É necessário aprofundar o debate. “Os comunicados de venda estão sendo feitos somente ‘para fora’ e levam em conta os interesses do mercado. O que se ouve nos corredores é que os funcionários não estão sendo informados ou participam do processo”, alerta.
A falta de transparência na condução apavora os 478 funcionários da empresa. Leandro suspeita que a privatização atende a interesses que não trazem benefícios aos paranaenses. “O que me preocupa é que isso é uma encomenda aparentemente com o resultado já estabelecido”.
Vender por vender
Wendell diz que quer conversar com todos atores do processo. Foto: Manoel Ramires
Presente à reunião no período da tarde, o presidente da empresa, Wendell Alexandre Paes Oliveira, admitiu que foi contratado pelo governador Ratinho Júnior para vender a empresa, entregando ao mercado. Em seu discurso, ele alegou que a privatização da Copel Telecom se deve ao crescimento do mercado de banda larga e a maior competitividade de outras empresas. Para Wendell, apesar da empresa paranaense ser a líder na avaliação dos consumidores, não compensa competir com a OI, VIVO e outras.
“A Copel Telecom é uma empresa rentável e reconhecida. Tem estrutura e malha invejável, com equipe técnica considerada a melhor do mercado. Mas que não tinha concorrência. De dois anos para cá, a concorrência cresceu. Elas são maiores, mais ágeis e com mais capacidade de investimentos”, avaliou Wendell.
Ele comentou que não está definido o que será vendido. “Temos um estudo em andamento da viabilidade desse processo”. Por ora, a intenção não é ‘vender as pessoas’ junto com a empresa. Estes empregados podem permanecer na Copel, prestando serviços à empresa de energia ou ao mercado.
Ao defender a privatização, Wendell disse que está conversando com todos os atores – Tribunal de Contas do Estado, trabalhadores, sindicatos, investidores, bancos – e que é papel da Assembleia Legislativa tomar essa decisão. Ele minimizou o papel social da Copel Telecom.
“A Copel Telecom não tem função social; Quem tem é o estado. A empresa é de economia mista. A privatização vai levar às cidades pequenas internet mais barata e rápida. Já as escolas vão poder comprar internet mais barata”, aposta.
Em artigo “Venda da Copel Telecom pode desconectar escolas estaduais e municípios”, o engenheiro e vice-presidente do Senge PR, Leandro José Grassmann, alertou que “a Copel Telecom promove acesso à internet e redes de comunicação de dados a municípios e Escolas Estaduais. São 2205 Escolas Estaduais conectadas, de acordo com a Celepar”.
Já sobre as cidades pequenas, Leandro destacou que a internet só pode ser mais barata com o subsídio do governo: “Por meio de incentivos, como a isenção de impostos e financiamentos a juros baixos, o governo pretendia incentivar a modernização da gestão pública nas prefeituras e levar internet de qualidade à maior parte dos cidadãos. A Copel Telecom forneceu os acessos. Os provedores tiveram redução de 95% no ICMS, além de financiamento pelo Fomento Paraná, com juros abaixo de mercado”, contra argumentou.
Fonte: Senge-PR