Chesfianos e chesfianas procuraram a diretoria do Senge-PE questionando medida proposta pela Chesf de volta ao trabalho presencial após vacinação. Medida não leva em conta o risco a saúde física e mental dos trabalhadores
No dia 07/04, a Chesf publicou o Protocolo de Retorno de Empregados Vacinados para o Trabalho Presencial. O Protocolo determina o retorno dos trabalhos presenciais, após vacinação, aos chesfianos e às chesfianas que, por fazerem parte de grupos de risco, permaneciam no sistema de trabalho remoto. A diretoria do Senge-PE foi procurada por sócios, e empregados e empregadas da Chesf, que questionam a determinação da empresa.
Além da gravidade de colocar em risco a saúde dos trabalhadores, os expondo de forma prematura, enquanto os números de contaminados e de óbitos no Brasil crescem, a determinação contém um problema que pode ser ainda mais agravante: determina a volta dos vacinados pela Astrazeneca e Pfizer sem tomar a segunda dose da vacina.
O nível de eficácia de cada vacina, que foi estudado por cientistas e analisado pelas agências reguladoras, é garantido apenas após a segunda dose. Além disso, infectologistas, no mundo inteiro, alertam que, mesmo após a vacinação, os cuidados precisam permanecer os mesmos. No site oficial da Organização Mundial de Saúde (OMS), encontra-se: “Embora uma vacina contra a Covid-19 previna doenças graves e morte, ainda não sabemos até que ponto ela impede você de ser infectado e transmitir o vírus a outras pessoas. Quanto mais permitimos que o vírus se espalhe, mais oportunidades ele tem de mudar”.
Para a chesfiana Roseanne Araújo, esse retorno no momento delicado que o Brasil está passando é muito arriscado. “A medida obriga a uma exposição desnecessária dos empregados da Chesf, porque a vacina só impede o agravamento da doença. A vacina não impede o contágio da pessoa e nem a transmissão para os que estão trabalhando presencialmente e não foram vacinados”, fala. Ainda de acordo com ela, é completamente desnecessária essa volta precoce, “todos estão trabalhando remotamente, ninguém deixou de trabalhar durante a Pandemia. Os índices satisfatórios da própria Chesf comprovam isso”, conclui.
Em entrevista dada para o portal da Abril Saúde, em 11 de março, o imunologista Carlos Zárate-Blades, do Laboratório de Imunorregulação do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Santa Catarina, informou que a capacidade das doses evitarem que uma pessoa infectada passe o vírus para outra ainda está sendo avaliada. De acordo com ele, “se ainda desconhecemos a real capacidade das doses evitarem a propagação da doença e, se pouca gente está vacinada no Brasil, é arriscado liberar pessoas que já tomaram as injeções para voltar a circular livremente. Elas podem passar a infecção para alguém desprotegido, que pode desenvolver sintomas graves ou mesmo morrer”. Na entrevista, ele também faz um alerta para evitar que mais variantes do coronavírus surjam, “já que, quanto mais gente se contamina, mais o vírus pode sofrer mutações”, diz.
No Brasil, apenas 11,26% da população recebeu a primeira dose da vacina. Quando se trata da segunda dose, esse número cai para 3,49%. Com esses dados, não é possível falar ainda de uma vacinação em massa, que reduziria o risco da população em ser infectada pela doença. “Esperamos que a Chesf seja sensível e zele pela saúde de seus colaboradores. A maioria dos empregados que estão no trabalho remoto são idosos, que deram a vida pela empresa, e neste momento estão necessitando de um olhar sensível por parte da diretoria da empresa. Essa doença já tirou a vida de muitos e muitas, precisamos pedir cautela e cuidado com os empregados e suas famílias. “O Senge seguirá na defesa da categoria e da vida para impedir a efetivação desse protocolo absurdo”, diz o presidente do Senge-PE Mozart Arnaud.
TERMO DE RESPONSABILIDADE COM RECUSA À VACINAÇÃO
Outra problemática encontrada no comunicado da Chesf aos empregados e às empregadas é a orientação àqueles que se recusam a se vacinar. No Protocolo, a empresa informa que aqueles que se recusem à vacinação, “considerando que ninguém pode ser obrigado a se vacinar”, devem assinar um termo de responsabilidade e voltar ao trabalho presencial.
Em dezembro de 2020, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a vacinação contra a COVID-19 é obrigatória e que sanções podem ser estabelecidas contra quem não se imunizar. É conclusivo que quem não se imuniza, por escolha, está colocando a saúde de todos os colegas em risco. “Entendemos que é obrigação da empresa zelar pelo ambiente e pela saúde de seus empregados, então é inadmissível aceitar que um chesfiano ou uma chesfiana escolha não ser vacinado e continue no convívio com os demais empregados, fazendo do ambiente de trabalho insalubre e arriscado”, defende Mozart Arnaud.
ATUALIZAÇÃO
Chesf envia novo comunicado com alterações
Mantendo a essência do Protocolo enviado anteriormente, a diretoria da Chesf enviou novo informativo, em 20/04/2021, com alteração na medidas proposta: a retomada deverá acontecer, para quaisquer vacina, após 14 dias da segundo dose. As demais exigências permanecem.
O Senge-PE enviou ofício à empresa solicitando mais sensibilidade diante do atual cenário e reponsabilidade da empresa com seus empregados e suas empregadas.
Fonte: Senge PE
Imagem: divulgação Chesf