Os Engenheiros que trabalham no sistema Eletrobrás Furnas, em Minas Gerais, deliberaram na última assembleia pela paralisação nos dias 14 e 15 de junho. Em tempos de crise no país, faz-se necessário mostrar para a sociedade os motivos pelos quais os Engenheiros aderiram ao movimento paredista. São eles:
1) ACT – Na última reunião, a Eletrobrás trouxe para a mesa de negociação uma proposta de alteração de data base de maio para outubro, oferecendo um adiantamento de 4,68% quando a inflação no período é de quase 10 % e ainda não se comprometeu a corrigir a diferença de maio a outubro. A Empresa alegou problemas de caixa das subsidiárias e da própria Holding.
Entendemos a crise que o país atravessa, porém existem maneiras de contorná-los, sem punir exclusivamente os trabalhadores. Importante mostrar para a sociedade que estes trabalhadores do Setor Elétrico não medem esforços para assegurar o fornecimento de energia elétrica às nossas casas e indústrias em geral, atuando de forma responsável e se expondo a riscos, muitas vezes fatais, como ocorrido recentemente com um trabalhador que se preparava para efetuar um desligamento, por falta de pagamento da conta de energia e foi assassinado em pleno serviço. A queda de torres das linhas de transmissão também pode entrar para o rol de serviços essenciais que os trabalhadores ano a ano vêm batendo recordes de tempo de restabelecimento.
Por outro lado, o que se vê no meio político, ou não se vê, é muita preocupação com a crise, pois este ano a Assembleia Legislativa de Minas Gerais aprovou um aumento de verba indenizatória dos 77 Deputados Estaduais de 35%, ou seja, de R$ 20 mil para R$ 27 mil mensais. Vale lembrar que além desta verba, os deputados recebem salários mensais de mais de R$ 25 mil além de auxílio moradia de aproximadamente R$ 4 mil.
2) PLR – No último ano a Eletrobrás judicializou a negociação da Participação nos Lucros e Resultados – PLR sendo julgada e proferida a sentença pelo Excelentíssimo Ministro do TST, Ives Gandra. Esta sentença normatizou a forma de pagamento da PLR daquele ano e dos seguintes, atrelando 50 % do valor a ser pago sobre o cumprimento das metas operacionais e 50% sobre a lucratividade das subsidiárias e holding. A Empresa insiste em contrariar tal decisão do Ministro e ainda por cima está pedalando com os indicadores econômicos.
Nova reunião está agendada para o dia 16.06, e os trabalhadores esperam que a Empresa reveja sua posição e decida cumprir no mínimo, o que está na sentença.
3) Indicação na Diretorias de Furnas – Mais uma vez teremos de falar em política, ou politicagem? O fato é que FURNAS, uma das maiores Empresas do Setor Elétrico Nacional, vem sofrendo governo após governo com as disputas políticas na indicação de suas Diretorias. Isto não é novidade para ninguém, mas causou espanto, quando na última semana foi noticiado que o Senador Romário estava utilizando seu voto no processo de impeachment para chantagear o presidente interino Michel Temer. Uma pergunta que não quer calar. Desde quando Romário entende do setor elétrico para indicar nomes?
Defendemos a indicação de nomes técnicos com vasta experiência no setor para dirigir nossa Empresa… que o baixinho indique nomes para cuidar da CBF, entidade esta que precisa muito mais dele , do que nós, trabalhadores de Furnas.
4) Por último, mas não menos importante, estamos paralisados nestes dias para defender FURNAS, empresa pública para o bem da sociedade. Para o bem da sociedade? Sim, explico.
Localizada no interior de Minas Gerais, a Usina de Furnas construída na década de 50, veio para evitar o colapso energético ofertando energia para o principal pólo de desenvolvimento do país na época, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Com a chegada da nova Usina, Minas que até então não tinha mar, passou a contar com o reservatório da Usina, formando o imenso lago de Furnas, também conhecido como mar de Minas, com volume de água equivalente a três vezes a baía de Guanabara. Hoje este lago, além de fornecer a água para gerar a energia elétrica, é responsável por gerar renda para diversos municípios lindeiros, através do turismo.
Com a privatização, esta água, hoje utilizada em harmonia para diversas aplicações, poderá ser utilizada prioritariamente para a geração de energia, podendo impactar nestas outras atividades… como? Alguém duvida que lobistas irão a ANEEL para priorizar a geração em Furnas, enquanto tiver água? Por estas e outras defendemos FURNAS, empresa pública.
Fonte: Senge-MG