Do Senge-BA:
Foi realizado nesta quinta-feira, 01 de outubro, o I seminário estadual – Energia, Educação e Indústria no Brasil, construído pela Plataforma Operária e Camponesa da Energia, da qual os SENGES´s e a FISENGE faz parte. O evento reuniu representantes de movimentos sindicais, trabalhadores da base petroleira, militantes dos movimentos de juventude, mulher e luta pela terra e de organizações sociais. Foram debatidos temas como a conjuntura e a luta por um projeto energético e popular, o pré-sal, a indústria, a Petrobras, a soberania, o desenvolvimento nacional e contra a privatização.
Estavam presentes, entre outros, representantes do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragem); MST, Consulta Popular, CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), Marcha Mundial das Mulheres, MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores), Levante Popular da Juventude, SENGE (Sindicato dos Engenheiros da Bahia). Além de sindicatos como o Sindae, Sindiprev, Sinergia e Sindipetro Bahia.
O coordenador do Sindipetro Bahia, Deyvid Bacelar, falou sobre a Petrobrás, a atual situação da empresa e o cenário econômico e geopolítico que levou ao aumento do preço do barril de petróleo em todo o mundo. Deyvid ressaltou que, infelizmente, em momentos de crise o capitalismo se favorece. Ele cita como exemplos disto, no caso da Petrobrás, as vendas de partes das ações da BR Distribuidora e Gaspetro. Para ele “é lastimável ver os ativos sub-valorizados sendo vendidos, beneficiando somente quem compra como aconteceu no caso da venda da Vale do Rio Doce”.
Júlia Garcia, do Coletivo de Mulheres do Sindicato dos Engenheiros da Bahia, explica que o seminário constitui uma iniciativa que surgiu como uma tarefa do seminário nacional, realizado em São Paulo, em agosto. Lá foi tirada a tarefa de que todos os participantes replicassem o seminário em seus estados, abordando temas sobre o desenvolvimento nacional e a soberania com investimentos voltados para a educação, saúde e distribuição de renda.
Júlia Garcia cita que dez mil engenheiros foram demitidos por conta da operação Lava Jato na Bahia somente esse ano. “É uma ofensiva politica que agrava e aprofunda a crise econômica que estamos vivendo no país”. Segundo ela, o seminário definirá um plano de ação para a construção da campanha nacional que deverá envolver todas as regiões da Bahia.
O coordenador nacional do MAB – Movimento dos Atingidos por Barragem, Moisés Borges, ressaltou a importância do evento que, segundo ele, “traz a possibilidade de se dialogar com diversos setores sobre o petróleo. Moisés lembrou que o Movimento dos Atingidos por Barragens vivenciou a mudança do sistema elétrico brasileiro, “o que não foi bom para os trabalhadores nem para os atingidos. Essa estratégia de privatização é a mesma que querem fazer com o petróleo, ou seja, fragmentar o sistema”, lamenta.
No caso do sistema elétrico, afirma Moisés, ele foi dividido entre geradoras, transmissoras e distribuidoras. Dessa maneira o capital internacional olha para o sistema petróleo brasileiro e deseja fazer o mesmo: privatizar a Transpetro, Gaspetro, a BR Distribuidora e o máximo que aceita é a Petrobras como produtora.
O diretor do Sindae, Pedro Romildo, falou sobre a disputa hegemônica em relação à água e sobre a crise da água em São Paulo. Ele alertou para o fato de existir uma orientação internacional para se entrar no mercado da água e no caso do saneamento básico as multinacionais só têm interesse nas grandes cidades.
Lirani Maria Franco é professora, mora no Paraná e veio para o encontro promovido pela Plataforma Operária e Camponesa como representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores em EducaçãoCNTE. Ela considera que a classe trabalhadora sofre um ataque aos seus direitos e a soberania nacional corre riscos, assim como as estatais. Segundo Lirani Franco, o momento exige a unidade da classe trabalhadora e de todos que acreditam que é possível construir uma sociedade justa, democrática e participativa.
Lirani informa que a CNTE tem atuado junto com a FUP e sindicatos filiados contra as ameaças à Petrobrás e aos projetos que querem mudar a atual legislação do petróleo, pois todos eles visam a privatização e retiram recursos da educação e saúde. Recentemente foi aprovado o Plano Nacional de Educação, que tem metas a serem cumpridas e que precisam desses recursos originários do pré-sal. Assim, mudar a legislação do setor petróleo inviabiliza os investimentos na educação e prejudica as futuras gerações.
Para a coordenadora da Educação do MST, Josenilza Figueiredo, “o seminário é mais um passo para os movimentos sociais e sindicais se apropriarem deste debate, pois, ela acredita que “ considerando a situação que o país se encontra atualmente é muito importante a unidade da luta de classes, dos movimentos sociais- campo e cidade- se unirem neste processo. E o MST se vê como parte integrante nesta luta”.
Para Edvagno Matos Rios, do Movimento dos Pequenos Agricultores, MPA, o encontro promovido pelo sindicato coloca em prática a unidade operária e camponesa, espaço onde são discutidas questões importantes para o desenvolvimento do país e a soberania nacional. Para o MPZ, “procuramos nessa aliança campo – cidade lutar para garantir que a Petrobrás não seja privatizada nem mexam na legislação do pré-sal”.
Fonte: Senge-BA