Senge-BA: Entidades sindicais debatem desafio de retomar conexão com a nova geração da juventude brasileira

Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp
Share on email

Manifestações de junho de 2013 se diferenciam por não terem vínculo organizado com partidos, sindicatos ou demais instituições sociais

Espontânea e explosiva. Essa foi a essência das manifestações de junho de 2013 no Brasil, assim como, daquelas que marcaram a história dos anos 70, 80 e 90. “A diferença é que nas recentes mobilizações compareceu uma grande quantidade de pessoas sem vínculo organizado algum com partidos, sindicatos ou demais organizações sociais”, diz o historiador Valter Pomar, membro do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) e candidato a presidência nacional do partido.

A que se deve essa desconexão? A questão foi debatida amplamente na palestra Manifestações de Junho de 2013 e as Conjunturas Nacionais e Internacionais, realizada no último dia 26 de julho, no auditório da Escola Politécnica da UFBA. O evento foi uma iniciativa do Senge BA, do Sindicato dos Professores de Instituições Federais de Ensino – APUB e da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros – FISENGE.

Para Pomar, nas décadas de 70 a 90, a esquerda era o porta voz da insatisfação social. A chegada do Partido dos Trabalhadores – PT ao governo federal e o seu crescente peso no aparato dos Estados brasileiros deu outra forma a essa conexão entre o sentimento popular e a postura da esquerda.

“A maioria dos manifestantes tinham até 25 anos. Ou seja, pessoas que iniciaram a participação política quando o PT chegava ao governo. Para essas pessoas, o PT faz parte do atual status quo da sociedade e o raciocínio é fácil: está tudo mal, a política é sujeira e quem preside o país?”, diz.

O historiador, no entanto, acredita que a responsabilidade desse raciocínio é do próprio partido.“Nosso papel não é ocupar o aparato do Estado, é organizar a sociedade para que transforme a ela própria e ao Estado”, fala Pomar.

Pomar ressaltou ainda a importância de maior participação na formação da consciência popular através da qualificação da Educação, da indústria cultural e dos meios de comunicação. “É através desses aparatos culturais que organizamos a sociedade e a maneira como as pessoas interpretam os fatos”, diz.

Professor do departamento de Geografia da UFBA, Clímaco Dias, acredita que as manifestações estão longe de terminar. “A rua é uma instância política autônoma. Vale lembrar que a comunicação também é feita nas relações cotidianas. Assim aconteceram revoltas históricas, como a Primavera Árabe. É o que Milton Santos chamou de período Popular da História”, conclui Dias.

Educação e Formação Sindical – Para o professor da UFBA e doutor em Educação, Penildon Silva, houve importantes avanços na área, com a ampliação dos concursos públicos para professores e da criação de novas universidades. “Agora precisamos dar um salto com a aprovação do Plano Nacional de Educação – PNE (2011-2020), que destina 10% do PIB (Produto Interno Bruto) à Educação. Os movimentos sociais são a chave, mas cabe as entidades atuarem com a capacidade de organização”, lembra.

“As entidades sindicais têm importante papel na formação da consciência popular. Enquanto espaço de reflexão e debate, não podemos ficar restritos. As manifestações nos impulsionaram a reabrirmos esses espaços”, fala Cláudia Miranda, presidente da APUB.

“Buscamos mobilizar a juventude, através dos estudantes de Engenharia, para debaterem as demandas sociais como mobilidade urbana, desenvolvimento sustentável, a importância do movimento sindical e os novos desafios”, diz o engº civil Ubiratan Félix, presidente do Senge BA.

Fonte: Senge BA