Nesta quinta-feira, 27 de setembro de 2012, o Sindicato dos Engenheiros da Bahia celebra 75 anos de fundação, marcando uma trajetória de luta constante junto à categoria, em defesa da valorização dos profissionais da Engenharia no país e no Estado. Na data, será realizada uma festa comemorativa em homenagem a entidade, no espaço Celebration, em Salvador.
“A ocasião será marcada ainda pela entrega de uma placa de homenagem ao ex governador do Estado, Waldir Pires, que completa 86 anos no próximo mês, em reconhecimento ao seu compromisso com a Democracia, a Soberania e o Desenvolvimento Nacional”, diz o presidente do Senge BA, o engenheiro civil Ubiratan Félix.
Ele escreveu um artigo em homenagem à data, que você confere a seguir:
SENGE-BA: 75 anos construindo a Cidadania e o Desenvolvimento Nacional
O desafio está lançado. Entre os profissionais de engenharia de todo país, inicia-se uma espécie de maratona em prol do aumento dos gastos de investimento socialmente eficientes previstos nas obras do PAC, na Exploração do Pré –Sal e na ampliação da infraestrutura viária. A implementação destes investimentos exige ampliação da quantidade de Engenheiros, elaboração de projetos e o surgimento de novas empresas. Infelizmente, este processo não é imediato, levará algum tempo para que possamos construir uma parte daquela que já foi uma das melhores engenharias consultivas e de obras do mundo. E, aos profissionais de engenharia na Bahia agrega-se a responsabilidade de fortalecer um sindicato que comemora este ano 75 anos.
Sem dúvida, é enorme o desafio pela frente, porque também é hora de aprofundar a qualidade do esforço fiscal, no momento em que a continuidade da queda das taxas de juros economiza encargos e abre espaço para a racionalização e suavização da carga tributária. Isso é condição imprescindível para a execução dos investimentos em infraestrutura, para o Brasil crescer, pondo em prática vários planos e anseios dos engenheiros devidamente comprometidos com o progresso sustentável das cidades e a divisão espacial do território. Não há dúvida que investimentos em infraestrutura – prioritariamente energia e sistema viário – precisam ser acelerados. Para isso, além da poupança pública, é decisiva a participação do setor privado. O investimento em infraestrutura tem grande impacto no mercado de trabalho e renda. Este quadro provocará um aumento da demanda por profissionais qualificados.
Neste ponto encontra–se uma das nossas maiores dificuldades para implementação destes projetos, pois nos últimos 25 anos o setor de Engenharia (principalmente na área de projetos) foi desmontado, diversas empresas fecharam, equipes foram desconstituídas, profissionais se aposentaram, alguns mudaram de ramo de atividades e principalmente não houve renovação dos quadros técnicos.
No Brasil apenas 9% dos estudantes que são graduados nas universidades é da área tecnológica, enquanto na China é 66% e na Coréia do Sul, 55%. Este quadro foi provocado pela política neoliberal que desmontou o Estado Brasileiro, na crença de que os investimentos de infraestrutura seriam realizados apenas pelo setor privado.
É preciso entender que a inovação tecnológica é a mola propulsora da criação de dinamismo e de capacidade de competir dos sistemas nacionais, como fazem os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento que estão logrando dominar a terceira onda de progresso industrial e tecnológico. As nossas bases empresariais e de engenharia exibem excelência em certos campos e isso deve servir de ponto de apoio para a construção de sinergias e para a busca de especializações competitivas visando à captura das janelas de oportunidade.
Não é preciso dizer que esse desafio requer a intensificação da formação de engenheiros e de cientistas aplicados em várias esferas de conhecimento, assim como a nossa organização em entidades representativas que lutem pela valorização profissional e defesa do desenvolvimento tecnológico nacional, como tem se pautado o Sindicato dos Engenheiros da Bahia na sua trajetória junto à categoria.
Essas são condições essenciais para o desenvolvimento que tenha a inovação tecnológica e o avanço científico como eixos estratégicos. Para que seja também socialmente inclusivo, distribuído regionalmente, gerador de empregos qualificados, de oportunidades empresariais e ambientalmente responsável. Desenvolvimento que sinalize um horizonte promissor para a nossa juventude, que seja culturalmente afirmativo e estimulador da extraordinária criatividade do povo brasileiro. Desenvolvimento que signifique, nas palavras do grande pensador Celso Furtado, a retomada da “construção interrompida” de uma nação soberana, próspera, mais fraterna e menos desigual com os seus filhos.
Nestes 75 anos de existência do Sindicato dos Engenheiros da Bahia, reafirmamos o nosso “Compromisso com a Engenharia e o Brasil”.
Engenheiro Civil Ubiratan Félix Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato de Engenheiros da Bahia
Professor do IFBA