Confira a nota do presidente do Sindicato dos Engenheiro da Bahia.
É típico dos incompetentes e insensatos colocar a culpa nos outros por suas limitações e erros. Apenas para exemplificar, Adolf Hitler direcionou a culpa dos problemas econômicos da Alemanha nos judeus, comunistas e no capitalismo internacional com intuito de desviar atenção da população da crise da economia alemã no período Pós Guerra de 1914. Recentemente, o Ministro da Aviação Civil Wellington Moreira Franco, durante o “Encontro Nacional de Editores da Coluna Esplanada”, promovido pelo jornalista Leandro Mazzini, no dia 31 de outubro, atribuiu aos engenheiros brasileiros a responsabilidade pelo atraso de obras em seis dos 12 aeroportos brasileiros, em capitais que receberão a Copa do Mundo 2014. Segundo ele, “os Engenheiros Brasileiros são ruins, elaboram projetos mal feitos. Na hora da execução, todo planejamento e cálculos têm de ser refeitos e a obra atrasa, além de ficar de mais cara”.
O Ministro Moreira Franco evidenciou despreparo técnico e desconhecimento sobre a incapacidade do Estado de Planejar, executar e fiscalizar obras de infraestrutura e logística no Brasil. A crise fiscal e do endividamento da década de 80 e a implantação da política neoliberal na década de 90, provocou o desmonte e extinção dos órgãos de planejamento de logística e infraestrutura no Brasil. É emblemática a extinção neste período da Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes – GEIPOT e o desmantelamento do Departamento Nacional de Estradas e Rodagens – DNER que foi sucedido, na década de 90, pelo Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte – DENIT. O antigo DNER ficou vinte anos sem realizar concurso público. O saber técnico e as experiências dos profissionais foram sendo “perdidas” com as suas aposentadorias, não existindo a possibilidade de repassarem o seu conhecimento e experiência técnica para as novas gerações de profissionais.
A Política Neoliberal, que provocou a estagnação econômica do nosso País, teve como consequências: o desmonte de importantes empresas de projeto que atuavam com competência, criatividade, inovação e que desenvolveram uma das melhores engenharias consultivas do mundo, demissões de competentes profissionais de Engenharia, migração de profissionais para outras atividades econômicas, como o mercado financeiro e o setor fiscal governamental, e o desestímulo aos jovens de ingressarem nas graduações das carreiras de Engenharia e Tecnologia.
O apagão logístico e de infraestrutura deve ser enfrentado e resolvido como uma política de Estado, e não de Governo. O atraso da implantação destes projetos tem como entraves questões regulatórias, ambientais, econômicas, sociais (como as desapropriações) e a baixa capacidade técnica e de planejamento do Estado Brasileiro. Em vista de disto, é de fundamental importância a realização de concursos públicos para área de Engenharia e Tecnologia, com salários e condições de trabalho dignas de uma carreira típica do Estado, assim como são os procuradores, juízes, auditores fiscais e diplomatas.
A Federação Interestadual de Sindicatos dos Engenheiros – FISENGE, em nota de repúdio as declarações do Ministro Moreira Franco, afirmou que: a engenharia nacional e os engenheiros brasileiros nada devem em termos de tecnologia e conhecimento em relação a profissionais estrangeiros. Ora, a prova mais recente está na descoberta do Pré-Sal e no desenvolvimento de tecnologia exploratória em águas profundas pela PETROBRÁS.
O reconhecimento da Engenharia como carreira de Estado aumentará a eficiência técnica, econômica e ambiental dos projetos e será um elemento propulsor para agilizar e reduzir o tempo necessário em execução e implantação de obras de logística e infraestrutura no Brasil. Nesse sentido, o Sindicato dos Engenheiros da Bahia defende a valorização dos profissionais da Engenharia e reafirma o seu compromisso e dos Engenheiros com o desenvolvimento nacional e com o Brasil.
*Por Ubiratan Félix
EngºCivil e Presidente do Senge BA
