A academia é um espaço em constante disputa, especialmente em formações que afetam diretamente a vida dos trabalhadores e trabalhadoras. A Segurança do Trabalho é uma dessas áreas onde as narrativas se confrontam em programas pedagógicos que, muitas vezes, minimizam a função social da profissão em prol de uma gestão fria, estritamente técnica e descolada da realidade.
Segundo Pedro Monforte, diretor de Apoio Profissional do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro – Senge RJ, é essencial participar dessa disputa, unindo qualidade de ensino e consciência de classe, para construir um mercado de trabalho mais humano e seguro para todos e todas.
“O objetivo da formação em Engenharia de Segurança do Trabalho é garantir condições seguras e dignas para os trabalhadores. No entanto, muitas escolas formam profissionais muito mais alinhados aos interesses dos empregadores que dos trabalhadores. Isso compromete diretamente a atuação ética e correta dos profissionais”, afirma Monforte.
“O curso que o sindicato está desenvolvendo visa formar profissionais de Segurança do Trabalho atentos às bases éticas da profissão e ao real valor social da área, além do desempenho técnico”, completa o diretor.
O seminário da próxima quarta-feira, 30/10, é parte do processo de sistematização e troca de saberes que servirão de base para o currículo do Curso de Especialização em Engenharia de Segurança e Saúde do Trabalhador e Trabalhadora. O evento é aberto à participação de profissionais, estudantes, pesquisadores, sindicalistas e gestores interessados neste debate e na qualificação de suas experiências profissionais.
Desafios crescentes
Embora os quatro anos de um governo de políticas regressivas tenham sido superados nas urnas, os impactos dessas políticas seguem deixando marcas profundas. Esse é o preço de uma gestão que a classe trabalhadora paga com alto custo.
Na busca pelo lucro, empresas privatizadas enxugam suas folhas de pagamento e reduzem equipes a números nunca ousados na gestão pública. Manutenções tornam-se menos frequentes, o trabalho se torna mais estressante e intenso, diminui a prevenção e, nesses cenários, a segurança dos trabalhadores e trabalhadoras fica em segundo plano. Em tempos de precarização, contar com profissionais qualificados, atentos à saúde física e mental dos trabalhadores e aos riscos crescentes aos quais estão expostos, é essencial.
Outro desafio significativo para a engenharia, apontado por Pedro, é a automação. Um processo irreversível e já em curso, a automação coloca engenheiros e máquinas em uma disputa por espaço no mercado. Nesse contexto, segundo ele, a capacitação contínua torna-se fundamental: “Isso já é uma realidade. Diversos empregos foram substituídos pela automação ao longo da história, e hoje a engenharia vive esse processo. Por isso, a formação continuada é crucial para que possamos manter nossos empregos”, enfatiza Pedro.
Confira a programação:
SEMINÁRIO
Preparação do Curso de Especialização em Engenharia de Segurança e Saúde do Trabalhador e Trabalhadora
🗓️30/10 | 9h às 12:30h
📍 SENGE RJ – Av. Rio Branco, 277 – 17º andar – Centro/RJ
Abertura – 09h30 às 10h
Olímpio Alves dos Santos
Presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro
Rita Mattos
Coordenadora do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana
Palestra – 10h05 às 11h05
A Configuração da Saúde do Trabalhador na Saúde Pública no Brasil
Marco Perez
Médico do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de Campinas; Especialista em Saúde Pública (Unicamp); Especialista em Medicina Preventiva e Social (Unicamp); Mestre em Saúde Coletiva (Unicamp); Máster en Prevención y Protección de Riesgos Laborales (Univ. Alcalá/Espanha). Foi Coordenador de Saúde do Trabalhador dos Municípios de Campinas/SP e de São Paulo/SP; Coordenador Nacional em Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde; Diretor de Políticas de Saúde e Previdência do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; Diretor de Políticas de Saúde e Segurança Ocupacional do Ministério da Previdência Social.
Mesa Redonda – 11:15h – 12:30h
A Importância do Curso de Especialização para a Saúde Pública e Segurança dos Trabalhadores
Participantes:
Márcia Soalheiro
Fonoaudióloga do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana
Alexandre Beltrame
Engenheiro Coordenador do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de Campinas – SP (virtual)
Moderador: Alexandre Mosca
Pesquisador do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana
Fonte/Foto: SENGE-RJ
