Rubens Paiva, engenheiro civil e político de grande importância para o Brasil, teve sua vida marcada por uma intensa trajetória de luta por justiça social e direitos fundamentais. Paiva foi um dos principais defensores do Salário Mínimo Profissional (SMP) para os engenheiros, inspirando a criação da lei que estabeleceu o SMP. A lei foi sancionada em 1966, sob o número 4.950-A, uma conquista histórica que, desde sua implementação, assegura uma remuneração digna para os profissionais da área. A aprovação dessa legislação não só garantiu melhores condições de trabalho para os engenheiros, mas também estabeleceu um marco na defesa da valorização do trabalho intelectual e técnico no Brasil.
Sua contribuição para a engenharia e para a sociedade brasileira vai além de suas realizações profissionais, sendo sua história entrelaçada com a luta política e a defesa da democracia durante um período de repressão militar. Seu envolvimento político, no entanto, foi o que o levou a ser preso e desaparecido durante a ditadura militar, uma etapa obscura da história do país que também afetou diretamente sua esposa, Eunice Paiva.
A Luta de Eunice Paiva e o Reconhecimento no Cinema Nacional
Eunice, viúva de Rubens Paiva, teve uma trajetória marcada por sua luta incessante por justiça após o desaparecimento de seu marido. Ela se dividiu entre a maternidade e o trabalho, ao mesmo tempo em que buscava esclarecer o que havia ocorrido com Rubens. Sua luta, embora pessoal, também foi uma luta coletiva, em nome de muitos que sofreram com a repressão.
Embora não tenha participado diretamente da luta armada, Rubens Paiva foi preso após a interceptação de cartas de exilados políticos endereçadas a ele. Sua prisão, executada por agentes da Aeronáutica sem mandato, foi um exemplo da brutalidade do regime militar. O que se seguiu foi um desaparecimento forçado, deixando Eunice à frente da árdua batalha por respostas.
Essa história de resiliência e coragem foi retratada no filme “Ainda Estou Aqui”, no qual a atriz Fernanda Torres interpreta Eunice Paiva. O filme, que foi um sucesso de crítica, não só levou a história de Eunice para o cinema, mas também foi indicado a três prêmios no Oscar de 2025, incluindo Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz para Fernanda Torres. Sua atuação foi aclamada mundialmente, recebendo o Globo de Ouro de Melhor Atriz e trazendo uma nova luz sobre a importância de Eunice e o legado de Rubens Paiva. O filme, além de retratar a dor da perda e a luta por justiça, é uma poderosa reflexão sobre a memória histórica e a resistência diante de um regime autoritário. A atuação de Fernanda Torres conseguiu capturar a complexidade da personagem, dando uma voz a tantas mulheres que, como Eunice, enfrentaram o sofrimento em busca da verdade diante de desaparecimentos durante o período ditatorial.
A história de Rubens e Eunice Paiva é, sem dúvida, um reflexo da resistência e da busca por justiça, tanto no campo da política quanto no da engenharia. O filme “Ainda Estou Aqui” não só resgata essa memória, mas também sublinha a importância de lutar por um futuro em que a verdade seja sempre mais forte que o silêncio imposto pela repressão.
Rubens Paiva, engenheiro, político e defensor da classe, e Eunice Paiva, mulher e mãe, são nomes que marcaram a história não só da engenharia, mas também da luta pelos direitos humanos e pela justiça no Brasil. Hoje, sua memória continua a inspirar as novas gerações, não apenas na luta pela valorização da profissão, mas também na importância de não esquecer os feitos daqueles que se sacrificaram pela liberdade e pela democracia.
Os ingressos para o filme Ainda Estou Aqui podem ser adquiridos através do site Cine Passeio. A classificação do filme é para maiores de 14 anos, e a duração é de 2h16min. Para obter mais detalhes sobre os horários e valores dos ingressos, basta acessar o link diretamente para conferir as opções disponíveis.
Fonte: Senge-PR
Foto: Reprodução/Memorial da Democracia