Roberto Amaral afirma que precisam ser seguidas três linhas de atuação contra a crise

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“O hoje está perdido”. É assim que o ex-ministro Roberto Amaral define o momento em que o Brasil vive. Para ele, não é possível reconstruir o país a curto prazo, nem do ponto de vista econômico, nem do ponto de vista político. Amaral analisou a crise brasileira durante sua participação da mesa “Emprego e processo produtivo” no I Simpósio SOS Brasil Soberano, que aconteceu nesta sexta-feira (31), no Rio de Janeiro.

Em uma profunda análise politica e econômica, Roberto Amaral afirmou que a crise resultante do golpe e um processo político só tem solução na política. Ele acredita que existem três linhas de atuação fundamentais: resistência, desfazer o que foi feito pelo governo golpista e a reconstrução do Estado.

“Esse encontro é uma linha de resistência . Em 1964, nós lamentavelmente fomos surpreendidos pelo golpe de Estado e pelas forças armadas. No dia 01 de abril nos encontramos sem nenhuma organização de resistência. Hoje temos condições de resistência, de organização, e o fundamental: com condições de reflexão. O maior inimigo da ação política é a práxis sem reflexão”, defende.

Marcelle Pacheco (Senge-RJ)

“Esse golpe não foi pura simples a troca de Dilma por Temer. Não foi apenas uma infração constitucional. Foi tudo isso e, acima de tudo, uma mudança de projeto. A implantação de um projeto que havia sido rejeitado nas eleições. Não tem base na soberania popular e, portanto, sem legitimidade. E é um governo que está usando a inexistência de apoio popular como mérito, porque agora acredita que pode fazer o quê quiser”, defende.

 

Tecnologia

O ex-ministro demonstrou preocupação especial com a ciência e tecnologia do Brasil. Segundo ele, o atual governo está destruindo 90% dos investimentos na área.

“Eu sou radical com a questão da ciência e tecnologia. Estão destruindo da mesma forma na época de Fernando Henrique Cardoso (FHC). 90% da pesquisa depende do Estado. E os poucos segmentos que têm tecnologia e know-how estão sendo destruídos. A empresa não é só capital. A empresa é fenômeno social, porque incorpora tecnologia e sociedade”, afirma.

 Eleições em 2018

Amaral demonstrou ainda preocupação com o futuro em curto prazo no Brasil. Para ele, é preciso voltar para as camadas que têm rejeição, falar com classe média com objetivo de refletir um projeto nacional, deter a desmoralização da política e aprofundar uma autocrítica.

“A direita, em momento algum, entregou de graça o poder no Brasil. Vão tentar impedir a eleição. Podemos dormir no presidencialismo e acordar no parlamentarismo”, finaliza.

Roberto Amaral é bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal do Ceará. É professor adjunto da PUC-RJ e titular da Faculdade Hélio Alonso. Político, foi um dos fundadores do Partido Socialista do Brasil (PSB). Foi Ministro de Ciência e Tecnologia do governo Lula. É um dos idealizadores da Frente Brasil Popular.