Produção de peixes no Brasil cresceu 4,5% em 2018

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                                                                                                             Foto: Carlos Eduardo Zacarkim

 

País é o quarto maior produtor de peixes de cultivo do mundo; Paraná é líder na criação de tilápia, com 123 mil toneladas no ano passado. A região Noroeste tem quatro Engenheiros de Pesca habilitados para atuar na atividade

Foi-se o tempo em que o brasileiro consumia peixe apenas na Páscoa. O consumo aumenta efetivamente no feriado cristão, mas os peixes, em especial os de cativeiro, são cada vez mais comuns no cardápio das famílias e encontrados facilmente em supermercados. No ano passado, a produção brasileira atingiu 722 mil toneladas segundo o Anuário Brasileiro da Piscicultura 2019, da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR). O volume é 4,5% maior do que as 691.700 toneladas de 2017.

A tilápia é um dos carros-chefe dos peixes de cultivo no Brasil. Foram 400.280 toneladas em 2018, com crescimento de 11,9% em relação ao ano anterior. O Paraná lidera o ranking nacional, com 123.000 toneladas/ano (29,3% do total), seguido de São Paulo (69.500 toneladas) e Santa Catarina (33.800 toneladas). Considerando a criação de peixes em geral, a participação paranaense alcança o segundo lugar no país, com 15%.

O aumento da produção tem reduzido custos e facilitado a chegada dos peixes às mesas dos brasileiros. E um dos motivos é o investimento em tecnologia. Nesse ponto, os Engenheiros de Aquicultura e de Pesca têm tido importante papel na profissionalização da cadeia produtiva. Há que diferenciar aqui a pesca da aquicultura. A primeira faz a retirada de recursos pesqueiros do ambiente natural. Já a outra é o cultivo de organismos aquáticos em um espaço confinado e controlado, geralmente.

Um dos profissionais que atuam na região Noroeste é o Engenheiro de Pesca Cleverson Luiz de Oliveira, que também é empresário do setor. Ele desenvolve projetos de tanques para produtores rurais e piscicultores para processo de licenciamento ambiental. “Com estudos técnicos é possível reduzir os custos com a produção de peixes e implantação de tanques, uma forma viável de otimizar os ganhos da atividade comercial pesqueira”, diz.

Outra função em que ele atua é a assistência e nutrição de peixes. Segundo ele, em Maringá existem duas fábricas de ração que abastecem o mercado nacional há mais de 30 anos. “Não somos fortes na produção quando comparados com a região Oeste do Paraná, que é a maior região produtora de peixes do Brasil. Entretanto, caso haja fomento e políticas públicas, nossa região poderá se destacar.”

No final de 2017 e início de 2018, o Crea-PR fiscalizou as atividades de piscicultura e aquicultura no Estado. Na Regional de Maringá foram 12 locais fiscalizados: Munhoz de Melo (5), Campina da Lagoa (4), Altônia (1), São Jorge do Ivaí (1) e Mamborê (1). A vistoria foi para verificar se pesqueiros tinham responsável técnico.

Perspectivas ainda melhores

Com a introdução de tecnologias, dinâmica sólida na cadeia produtiva e acesso aos mercados, a tendência é de crescimento acentuado da piscicultura nos próximos anos.

Além disso, há a pendência da outorga de águas da União: mais de 2.800 processos aguardam análise da SAP (Secretaria de Aquicultura e Pesca, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). As solicitações, se aprovadas, deverão multiplicar por quatro a atual produção de peixes de cultivo no Brasil.

No Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento projeta crescimento de 20% na atividade neste ano, com a expectativa de chegar a 170 mil toneladas de carne de peixe. A previsão leva em conta o incentivo ao consumo de pescados e também à entrada de novas indústrias no segmento, com aumento da oferta ao consumidor.

“Os pescados de cativeiro são produzidos de forma racional, não agridem o ambiente e, em muitos casos, até melhoram a qualidade da água. O consumo está crescendo muito, enquanto o preço da carne de peixe está ficando cada vez menor, por influência direta do trabalho dos Engenheiros”, afirma Ronan Marcos, lembrando que a margem de lucro na indústria é pequena e necessita de processos eficientes para ser rentável.

Profissionais no Paraná

A criação de peixe em cativeiro ainda não representa 1% do Valor Bruto da Produção (VBP) paranaense. Mas tem importância para vários municípios no Estado: 60% do VBP e 66% da produção de pescados vêm do Oeste, principalmente das regiões de Toledo e Cascavel, onde a tilápia representa mais de 95% do total.

Não por coincidência, a maior concentração de Engenheiros registrados no Crea-PR está na Regional de Cascavel: um Engenheiro de Aquicultura e 52 Engenheiros de Pesca. A Regional de Curitiba do Conselho tem o segundo maior contingente de profissionais: dois de Aquicultura e 11 de Pesca. A seguir, vêm as Regionais de Guarapuava (quatro de Aquicultura e três de Pesca), Maringá (quatro Engenheiros de Pesca) e Apucarana (dois Engenheiros de Pesca). Há ainda 21 Engenheiros de Pesca registrados no Conselho paranaense que trabalham em outros Estados. Assim, são cem os profissionais registrados no Crea-PR: sete de Engenharia de Aquicultura e 93 de Engenharia de Pesca.

O incremento de novos profissionais também deve acontecer em breve. No Paraná, já são cinco instituições de ensino com cursos relacionados. A Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), de Laranjeiras do Sul; o Instituto Federal do Paraná (IFPR), de Foz do Iguaçu; e a Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Palotina e Pontal do Paraná, oferecem a formação em Engenharia de Aquicultura. A Unioeste, de Toledo, conta com o curso de Engenharia de Pesca.

 

Fonte: Crea-PR