Assembleia dos operários rejeitou as migalhas oferecidas pelos patrões; movimento grevista intensificará mobilizações na luta por uma proposta digna
Reunidos na manhã desta sexta-feira (25) em frente à sede do Sintracom-CG (Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Campo Grande – MS), centenas de trabalhadores rejeitaram a proposta de reajuste salarial de 6,74%, apresentada pelos patrões.
Após a Assembleia, os trabalhadores se juntaram com lideranças sindicais que apoiam a greve e seguiram pelas ruas do centro da cidade para realizar seu protesto e pedir apoio da população da capital sul-mato-grossense.
Para José Abelha Neto, presidente do Sintracom-CG, a atividade foi positiva. “Hoje nos canteiros de obras continuamos com o mesmo procedimento, a maioria dos operários não entraram para trabalhar e ainda tivemos as novas paralisações. Quanto à passeata eu fiquei surpreso porque achei que não ia tudo aquilo de gente, então a classe atendeu o nosso chamado e pudemos explicar nossas reivindicações, o porquê da greve, conseguimos transmitir nossas reivindicações para as pessoas, foi muito bom o movimento”.
Segundo Abelha, a Assembleia reprovou a proposta fraca do Sinduscon (Sindicato das Indústrias da Construção Civil do MS) e a greve continua. Está marcada para a segunda-feira (28) uma nova rodada de negociações junto ao patronal, mediada pelo Tribunal Regional do Trabalho, para buscar um entendimento sobre o impasse estabelecido. Enquanto isso, o movimento grevista vai panfletar os canteiros de obras informando a situação da negociação salarial junto aos trabalhadores da construção civil de Campo Grande.
Boa novidade
O diretor da empresa Maxi Incorporadora, Jean Michel Massala Júnior, procurou o sindicato e se ofereceu para acatar as reivindicações do movimento grevista, independente do Sinduscon-MS, através de acordo coletivo. A direção do Sintracom-CG aguarda um documento contendo a proposta da empresa, para estabelecer uma minuta e assim fechar um Acordo Coletivo com a Maxi Incorporadora.
Informações preliminares indicam que o acordo deve girar em torno de um aumento salarial entre 9 a 10%, além de benefícios sociais, como a incorporação de um sacolão ao salário dos trabalhadores, entre outras propostas. Atualmente a empresa já paga um salário maior do que o precário piso de R$1.000,00 que é pago pelas empresas ligadas ao Sinduscon-MS.
Ainda pela manhã desta sexta-feira (25), Luiz Queiroz, da Conticom, esteve reunido com os trabalhadores desta obra, que aprovaram a iniciativa do sindicato de estabelecer este acordo coletivo, por este motivo, o canteiro de obras funcionou normalmente hoje. Isto prova que é sim possível que as empresas pagarem um salário mais compatível com a realidade do setor em outras capitais brasileiras.
Dirigentes Sindicais
Também presente na atividade, o vice-presidente da Conticom (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Construção civil e do Mobiliário), Luiz Queiroz, afirmou “é o salário mais baixo das capitais do país, os trabalhadores tem todo o direito de lutar para avançar nas conquistas. Em outros estados, temos sacolão, participação nos lucros, plano de saúde e um salário melhor, direitos importantíssimos para os trabalhadores que não vemos por aqui”.
Weberton Sudário, o Corumbá, Presidente da federação estadual do ramo, a FETRICOM, presente na passeata disse, “a passeata foi um sucesso, os trabalhadores atenderam o chamado do sindicato e da federação estadual e foram defender seus direitos nas ruas. Agora nossa expectativa é que os patrões possam oferecer uma proposta decente para a negociação. Ainda assim, temos a expectativa de estadualizar a greve, inclusive temos presidentes dos sindicatos da construção civil de Dourados, Rio Brilhante e Rio Verde participando ativamente do movimento grevista da capital”.
A CUT-MS apoia luta dos operários da construção civil e seu presidente estadual, Genilson Duarte, comentou as atividades de hoje durante o protesto, “nós visitamos muitas obras nesta sexta-feira e o índice de participação no movimento é de 80% a 90%, o que indica que a greve foi assumida pela maioria dos trabalhadores. O salário irrisório e as condições precárias de trabalho são os elementos que justificam a grande passeata que tivemos hoje, com mais de mil operários da construção civil no centro de Campo Grande”.
O movimento percorreu em sequência as Ruas Pedro Celestino, Afonso Pena, 14 de Julho, Marechal Candido Rondon, 13 de Junho, Barão do Rio Branco e foi encerrada com breve ato, em frente à Praça do Rádio Clube.
Fonte: CUT