Brasília – O especialista em recursos hídricos da Agência Nacional de Águas (ANA), Carlos Motta, prevê colapso no abastecimento de água potável nas regiões Sul e Sudeste e nas áreas metropolitanas do país caso não se invista na despoluição das bacias hidrográficas, através do tratamento do esgoto doméstico e industrial.
|Mantendo esse ritmo (de poluição), a situação é preocupante. Caso não se tome providência, será difícil fazer alguma coisa no futuro|, alerta Motta. |Ou não conseguiremos dinheiro para tratar dessa água para beber, que ficará cada vez mais cara, ou, então, teremos que trazer água limpa de cada vez mais longe, que também é caro.|
A forte urbanização nos últimos 50 anos no Brasil seria o principal risco à água de qualidade. O técnico da ANA destaca que, segundo estudo de 2003 do Ministério das Cidades, o país precisaria investir R$ 178 bilhões, nos próximos vinte anos, para implementar o serviço de água e esgoto. Com o saneamento básico universalizado, pouparia os mananciais da poluição urbana.
|As cidades cresceram e os rios ficaram pequenos para absorver a carga de esgoto doméstico e industrial, mesmo sendo essa água tratada|, observa. Para Motta, a população pode contribuir na proteção dos recursos hídricos ligando, por exemplo, o esgoto doméstico à rede coletora da sua cidade.
|Em alguns lugares, a rede da estação de tratamento passa na frente da casa do cidadão, e este, muitas vezes, prefere ficar usando a fossa doméstica.|
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), de 2005, investigou os domicílios com serviços públicos de saneamento completo – abastecimento de água com canalização interna; ligados à rede geral de esgoto sanitário e/ou rede pluvial; e atendidos por coleta de lixo. Naquele ano, 61,1% dos domicílios do país se enquadravam nesse critério.
Por regiões, o estudo apontou que 8,8% das famílias do Norte tinham acesso ao serviço completo; no Nordeste, eram 34,5%; no Centro-Oeste, 36%; e no Sul, 80,7%. O Sudeste apresentou o melhor resultado do país, com 83,4% dos domicílios.
O objetivo do governo é atingir, até 2024, a universalização dos serviços de saneamento – incluindo abastecimento de água, esgoto sanitário, manejo de águas pluviais e destinação de resíduos sólidos.
Fonte: Agência Brasil