O episódio discute desafios da economia solidária e políticas públicas para fortalecer alternativas nas margens da cidade
A conversa foi conduzida por Mary Stela Bischof, engenheira agrônoma e diretora do Senge-PR, que recebeu a vereadora de Curitiba Vanda de Assis, a engenheira agrônoma Maria Wanda, também do Senge-PR, e a jornalista do MST-PR Ednubia Ghisi. O encontro teve como foco a economia solidária, o direito à cidade e os desafios de se pensar Curitiba de forma integrada e inclusiva.
A vereadora Vanda de Assis compartilhou sua trajetória como assistente social e servidora pública. Atuante na política de assistência social, ela destacou sua atuação com famílias em situação de vulnerabilidade, mulheres vítimas de violência e comunidades periféricas. Segundo Vanda, pensar o território como um espaço político e vivo é essencial para garantir direitos.
“Curitiba ainda tem dificuldade de se enxergar como um território coletivo. As políticas públicas não podem ser fragmentadas. Precisamos construir a cidade inteira, com todos e todas dentro dela”, afirmou.
Durante a conversa, a economia solidária foi apresentada não apenas como uma alternativa viável de geração de renda, mas como uma filosofia de vida. Vanda ressaltou a importância de políticas públicas que fortaleçam cooperativas, associações e grupos autogestionados, especialmente nas periferias.
A jornalista Ednubia Ghisi destacou experiências do MST com agroindústrias e redes de comercialização e perguntou como o meio urbano pode construir propostas semelhantes. Para Vanda, isso passa pela valorização do trabalho coletivo, pela ocupação justa do território e pela escuta das comunidades.
A engenheira agrônoma Maria Wanda trouxe para a roda exemplos concretos de como o trabalho com organizações populares nas periferias transforma vidas. Ela perguntou à vereadora sobre os impactos concretos da economia solidária nos territórios. Vanda citou a experiência de catadoras que passaram a ter autonomia financeira e reconhecimento comunitário, mostrando que a transformação acontece no cotidiano.
“A economia solidária é sobre pertencimento. Quando uma mulher passa a ter renda, voz e poder de decisão, ela muda sua vida e a vida ao redor”, destacou Vanda.
As convidadas também debateram como as políticas públicas podem e devem fomentar o trabalho nas periferias. A valorização do território passa pelo acesso à moradia digna, à infraestrutura básica, à mobilidade e à educação. Para Vanda, só é possível pensar políticas eficientes se houver participação popular desde a construção das propostas.A engenheira Maria Wanda destacou o papel da engenharia social nesse processo, atuando junto aos movimentos para planejar e construir soluções a partir das realidades locais.
Outro ponto central do episódio foi o papel das mulheres na economia solidária. Para Vanda, elas são protagonistas silenciosas de muitas lutas e devem ocupar também os espaços de decisão. “As mulheres estão nas hortas, nas cozinhas comunitárias, nas cooperativas. Precisamos de políticas que garantam a permanência delas nesses espaços e também em lugares de poder.”
No encerramento, Vanda deixou uma mensagem de incentivo aos grupos e coletivos populares: “A economia solidária é caminho possível e urgente. Quando fortalecemos o coletivo, criamos uma nova lógica de sociedade. Como diria Rosa Luxemburgo, sejamos livres para sonhar, diferentes para conviver e iguais para viver com dignidade.”
O episódio completo está disponível no Spotify: Escute clicando aqui Acompanhe o trabalho do Coletivo de Mulheres do Senge-PR no Instagram e fique por dentro das próximas edições do Fala Engenheira.
Realização Coletivo de Mulheres do Senge-PR
Apoio Mútua – Caixa de Assistência dos Profissionais do Crea
Créditos: Senge PR