Petrobras anuncia fim da quarentena sem revelar novos casos e óbitos por Covid-19

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A Petrobrás iniciou, nesta segunda-feira (8/6), a  preparação dos petroleiros e petroleiras para o fim do isolamento social, ao contrário da recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para conter a disseminação da pandemia do novo coronavírus.

Em reuniões virtuais apenas com gerentes, sem a participação dos sindicatos dos trabalhadores, a direção da estatal divulgou o planejamento de retomada, que inclui até a volta dos petroleiros do grupo de risco, como idosos e pessoas com comorbidades como diabetes e doenças do coração.

“A prática na Petrobras é a mesma do governo federal”, reagiu a direção da Federação Única dos Petroleiros (FUP) por meio de nota publicada no site da entidade em que acusa a direção da estatal de ter omitido os números de casos do novo coronavírus nas unidades da companhia. “Não é de hoje que a sonegação de informações ocorre”, diz trecho da nota que lembra que o Grupo de Trabalho da Petros diversas vezes tentou e não conseguiu as informações necessárias, o que atrasou o processo de construção do Novo Plano de Equacionamento.

“A gestão de Castello Branco tem omitido dados de contaminações e mortes provocadas pela Covid-19 e agora quer acabar com o isolamento social”, criticou Deyvid Bacelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), referindo-se ao presidente da estatal. De acordo com Deyvid, o anúncio da suspensão da quarentena é precipitado e causa insegurança aos trabalhadores. Ele também critica o fato de que as negociações sobre o fim do isolamento social não estão sendo discutidas com as entidades sindicais e, assim, a empresa aplica o que lhe convém e depois somente apresenta as decisões aos representantes dos trabalhadores.

A FUP tem reagido e entrado na Justiça contra o autoritarismo da estatal que prejudica os petroleiros, mas os sindicalistas afirmam que muitos processos poderiam ter sido evitados se houvesse diálogo, negociação. Segundo a nota da FUP, a última decisão autoritária da gestão da Petrobras foi justamente o plano estratégico divulgado hoje pela empresa sobre o retorno ao trabalho presencial. De acordo com a empresa, os trabalhadores terão que se adaptar ao “novo normal”. A dúvida, diz a nota, é o que seria “esse tal de novo normal. São milhares de pessoas morrendo por dia no país e este dado está sendo subnotificado pelo governo federal?”, questionam os sindicalistas.

A FUP ressalta na nota a importância do trabalhador zelar por sua vida e a dos seus familiares e pede que os petroleiros, inclusive os terceirizados,  denunciem aos seus sindicatos quaisquer tipos de assédio gerencial. “Estamos acompanhando este plano de retorno ao trabalho e responsabilizaremos cada gestor que derramar sangue em nossas fábricas e plataformas”, diz trecho da nota.

Em outro trecho a direção da FUP diz que “o coronavírus não é uma gripizinha como diz o presidente do país”, lembra o número de infectados e mortos desde o início da pandemia, critica cidades que estão reabrindo a economia apesar da curva de casos e mortes em alta – fato que está sendo usado pela empresa para acabar com a quarentena – e alerta os gerentes sobre a importância da clareza e transparência na divulgação dos casos da doença nas unidades da Petrobras.

Confira aqui a íntegra da nota da FUP.

De acordo com o Estadão, a Petrobras dividiu o risco de contaminação pelo coronavírus com o fim da quarentena em três bandeiras: verde, amarela e vermelha. É mais ou menos o que o governador João Doria (PSDB) fez em São Paulo para iniciar a reabertura das atividades comerciais apesar do alto número de casos e mortes por Covid-19 no estado. 

Na primeira, é autorizado o retorno; na segunda, são adotadas medidas preventivas; e na terceira, o isolamento é mantido. Para definir as bandeiras, a direção da estatal diz que vai acompanhar as taxas de crescimento dos casos de contaminação nos municípios onde opera e de ocupação de leitos de UTI. Diz ainda que, internamente, acompanhará se a doença avança em suas unidades de trabalho. 

Fonte: Redação CUT