Pesquisa aponta que engenheiros defendem participação do Estado no desenvolvimento do país

Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp
Share on email

Uma pesquisa, realizada durante a 76ª Semana Oficial de Engenharia e Agronomia (SOEA), apontou que mais de 80% dos engenheiros são a favor do papel do Estado na estratégia de desenvolvimento do país. Elaborada pela Fisenge (Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros) e realizada pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), a análise ainda perguntou sobre atuação profissional, posicionamento político, expectativas para o mercado de trabalho da área e conhecimento sobre a tramitação da PEC 108/2019.

De acordo com o engenheiro e presidente da Fisenge, Clovis Nascimento, os resultados revelam que a maioria dos engenheiros defende a participação do Estado nas políticas públicas. “O Estado é essencial para a geração de empregos, fortalecimento da engenharia nacional, investimentos em infraestrutura, aumento do PIB e melhora na economia. Atualmente, a política econômica brasileira enfrenta um processo de desnacionalização, uma vez que o governo federal amplia o pacote de privatização e diminui a presença do Estado nos setores”, afirmou Clovis.

Baseada em metodologia quantitativa, de amostra por conveniência e questionário padronizado de autopreenchimento on-line, a pesquisa aferiu 318 respostas que traçou o seguinte perfil: 24,8% na faixa etária de 31 a 40 anos; 80,5% de homens; graduação com especialização completa 38,1%, sendo 43,7% em engenharia civil, 21% em agronomia e 15,1% em engenharia elétrica/eletrônica; ocupação como autônomo, PJ ou MEI 27,7%. São Paulo obteve o maior número de respostas, seguido por Minas Gerais; Bahia; Tocantins; Ceará; Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.

PEC 108
A PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 108/2019, de autoria do governo federal, foi apresentada em julho deste ano e dispõe sobre a natureza jurídica dos conselhos profissionais. A PEC faz alterações no artigo 174-A e B da Constituição Federal e, na prática, propõe a desregulamentação profissional, com consequente perda de qualidade para os serviços prestados à população em praticamente todas as áreas. A primeira pergunta revelou que 84% dos engenheiros conhecem a Proposta e 77,4% se mostram contrários à medida. 

Expectativa em relação ao mercado de trabalho
Em relação ao mercado de trabalho, 44,3% acreditam que tende a melhorar nos próximos 2/3 anos, enquanto 25,5% esperam que se manterá estável e 23,9% confiam que tende a piorar. Já sobre os impactos das inovações tecnológicas na engenharia, 38,4% creem que haverá geração de oportunidade para profissionais brasileiros, enquanto 28,9% acreditam na manutenção dos níveis de emprego e melhora nas condições de trabalho; 16,7% apontam o desemprego na engenharia causado pela substituição da força de trabalho por equipamento e 9,1% assinalam que haverá desemprego causado por contratação de força de trabalho especializada de fora do país.

 

Confira abaixo um resumo: 

 

PERFIL

  • 80,5% homens;
  • 19,5% mulheres;
  • Faixa etária: 31 a 40 anos [24,8%]; até 30 anos empatado com faixa de 51 a 60 anos [18,6%];
  • Modalidade: engenharia civil 43,7%; 21% agronomia e 15,1% engenharia elétrica/eletrônica;
  • Graduação com especialização completa 38,1%;
  • Autônomo, PJ ou MEI 27,7%;
  • Concursado setor público 18,9%;
  • Empregado carteira assinada no setor privado 14,2%;
  • Empregado carteira assinada no setor público 12,9%;
  • Sudeste 28,3% seguido do Nordeste 27,7%;
  • São Paulo obteve o maior número de respostas; seguido por Minas Gerais; Bahia; Tocantins; Ceará; Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.

 

Sobre as reformas (EC 95, trabalhista e previdenciária)

  • 56,6% acham que tendem a contribuir com o desenvolvimento do país
  • 28,9% acham que tendem a acentuar os problemas socioeconômicos

 

Papel do Estado

  • 84,3% afirmam que é necessário que o Estado tenha presença acentuada na estratégia de desenvolvimento do país
  • 13,5% afirmam que não é necessário que o Estado Nacional tenha presença acentuada na estratégia de desenvolvimento do país.

Privatizações

  • 37,1% – cada caso é um caso
  • 22% em geral favoráveis
  • 17% em geral contrários
  • 12,6% sempre favoráveis
  • 8,2% sempre contrários

 

Política de conteúdo local

  • 52,2% favoráveis
  • 17,6% cada caso é um caso
  • 21,4% contrários

 

Alterações nas regras de liberação de agrotóxicos

  • 52,2% contrários
  • 30,8% favoráveis

 

Flexibilização da entrada de profissionais estrangeiros no país

  • 55,7% contrários
  • 23% indiferentes
  • 14,2% favoráveis

 

Expectativa em relação ao mercado de trabalho para os próximos 2 a 3 anos

  • 44,3% – tende a melhorar
  • 25,5% – tende a permanecer estável
  • 23,9% – tende a piorar

 

Impacto das inovações tecnológicas na engenharia

  • 38,4% – geração de oportunidade para profissionais brasileiros
  • 28,9% – manutenção dos níveis de emprego e melhora nas condições de trabalho
  • 16,7% – desemprego na engenharia causado pela substituição da força de trabalho por equipamento
  • 9,1% – desemprego causado por contratação de força de trabalho especializada de fora do país
  • 0,3% – impacto não será relevante
  • 6,6% – não sabiam responder

 

PEC 108

  • 84% conhecem
  • 11,9% não conhecem
  • 4,1% não quiseram responder

 

Opinião sobre PEC 108

  • 77,4% contrário
  • 12,3% favorável
  • 10,4% não responderam

FOTO: AKIRA ONUMA / ASCOM SUSIPE