Operário da Usiminas morre depois de cair em fosso de 10 metros

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Desde agosto do ano passado, já ocorreram 42 acidentes notificados, além de uma explosão que deixou 34 feridos. Esta é a segunda morte em menos de 1 ano

Para o sindicato dos metalúrgicos de Ipatinga, economia na segurança, para aumentar lucro está causando acidentes e matando trabalhadores

O maquinista Gilcimar Borges da Silva, 38 anos, morreu na madrugada deste domingo (7) após cair em um fosso de 10 metros de altura enquanto trabalhava na siderúrgica Usiminas, em Ipatinga (MG). De acordo com informações da empresa, a queda do trabalhador aconteceu por volta das 22h30 de sábado (6), em uma das áreas da usina em que o ferro é convertido em aço, conhecida como aciaria.

Funcionário da Usiminas havia dez anos, o operário foi encaminhado ainda vivo ao hospital da cidade com diversos cortes no rosto e fraturas no corpo. A vítima não resistiu à realização de um procedimento cirúrgico.

Subnotificação de acidentes

Gilcimar é a segunda vítima fatal por acidente de trabalho dentro da siderúrgica, considerada a maior fabricante de aços planos da América Latina. O último ocorreu em 8 de agosto de 2018. Na ocasião, Luís Fernando Pereira, de 38 anos, morreu por inalar gás durante serviço de rotina numa tubulação da siderúrgica. Dois dias depois, um dos quatro gasômetros da empresa explodiu, deixando 34 trabalhadores feridos.

Para Geraldo Magela, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatinga (Sindipa), a morte de Gilcimar demonstra a segurança de dos trabalhadores não é prioridade. “Depois de todos os acidentes do ano passado, a Usiminas continua não levando a sério a segurança dos trabalhadores e da comunidade, visto que continuam acontecendo os acidentes e dessa vez mais um acidente fatal”, criticou.

Após a explosão do gasômetro, a direção da empresa anunciou que seria apresentado à comunidade local um plano de evacuação da cidade. Passados 11 meses, a medida ainda não saiu do papel. Ano passado, 42 operários se acidentaram na usina, segundo os comunicados de acidente de trabalho, os CATs que a empresa precisa enviar ao sindicato e ao Ministério Público do Trabalho. É um número subestimado. O dado não considera, por exemplo, as 34 vítimas hospitalizadas após a explosão do gasômetro.

Ao comentar a morte de Gilcimar, o sindicalista acusou a Usiminas de privilegiar o lucro em detrimento da segurança de seus funcionários. “Esse trabalhador deveria estar, no mínimo, acompanhado por um maquinista e um sinaleiro. Isso há muito tempo foi cortado, justamente para economizar o sinaleiro. A economia na segurança, para aumentar os lucros, é que está causando estes acidentes e tirando a vida dos trabalhadores”, denunciou Magela, ao defender a responsabilização dos culpados pela morte do trabalhador.

MPT investiga

A ocorrência é apurada pelo procurador do Ministério Público do Trabalho Adolfo Jacob. “Neste caso, como houve morte de trabalhador, o MPT vai instaurar um inquérito civil público para apurar as causas do acidente, e, caso fique constatado que o acidente ocorreu por negligência da empresa em cumprir normas de segurança da medicina do trabalho, será ajuizada uma ação civil pública na Justiça do Trabalho requerendo as condenações pertinentes contra a empresa”, afirmou.

O velório de Gilcimar está sendo realizado neste domingo. Ele deixa mulher e três filhos.

Procurada pela reportagem, a Usiminas não comentou as causas do acidente até o fechamento da matéria.

 

Fonte: Rede Brasil Atual / Publicados por Bruno Soares / Edição: Cecília Figueiredo