Pela primeira vez a Organização das Nações Unidas (ONU) poderá ter uma mulher no comando. A entidade realiza neste ano uma eleição para secretário-geral. Com quatro mulheres concorrendo ao cargo, há uma boa chance da organização ter sua primeira líder.
Em seus 71 anos de história, a ONU foi liderada por oito homens. A escolha dos secretários-gerais sempre foi vista como um processo “a portas fechadas”, basicamente definido pelos membros permanentes do Conselho de Segurança (EUA, China, Rússia, França e Reino Unido).
“Na prática, os 193 membros da Assembleia Geral apenas carimbavam uma decisão tomada pelos membros do Conselho em segredo. Às vezes nem sabíamos quem eram os candidatos”, disse a ex-representante da Anistia Internacional na ONU, Yvonne Terlingen, ao jornal Folha de S. Paulo.
Pressionada por ONGs e ativistas, a ONU prometeu eleições mais transparentes este ano. Sem data marcada, o Conselho de Segurança ainda pode vetar o indicado da Assembleia, no entanto todos os candidatos serão conhecidos.
As quatro candidatas mulheres são Irina Bokova (diretora da Unesco), Helen Clark (ex-premier da Nova Zelândia), Vesna Pusic (ex-chanceler da Croácia) e Natalia Gherman (ex-premier da Moldávia). Entre elas, Bokova é considerada favorita por ser da Bulgária, no Leste Europeu (região da vez no rodízio informal da chefia da ONU). Completam a lista Danilo Türk (ex-presidente da Eslovênia), António Guterres (ex-premier de Portugal), Vuk Jeremic (ex-chanceler da Sérvia) e Igor Luksic (ex-premier de Montenegro).
Críticos apontam que é o momento certo para que haja uma liderança feminina na ONU. O atual secretário-geral, Ban Ki-moon, disse em dezembro do ano passado que é “mais do que hora” de uma mulher assumir seu posto. O vice-diretor do Centro de Cooperação Internacional da Universidade de Nova York Jim Della-Giacoma diz que a organização precisa concretizar suas posições com a escolha de uma mulher. “A ONU teve inúmeras resoluções sobre igualdade de gênero, mas pouca ação”, afirma.
Fonte: Opinião e Notícia / Folha de S. Paulo