OAB/RJ lança campanha pela abertura dos arquivos da ditadura militar.

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“Não há cova funda / que sepulte/ a rasa covardia / Não há túmulo que oculte / os frutos da rebeldia / Cai um dia em desgraça / a mais torpe ditadura / quando os vivos saem à praça / e os mortos da sepultura”. Com a leitura do poema Os desaparecidos, de Affonso Romano de Sant’Anna, o conselheiro federal da Ordem dos Advogados do Brasil-OAB, Marcus Vinicius Cordeiro, deu início à cerimônia de lançamento da Campanha pela Memória e pela Verdade em prol da abertura dos arquivos da ditadura militar. Em discurso emocionado, Marcus Vinicius lembrou o drama das famílias em busca de informações sobre parentes presos e torturados durante a ditadura e o direito que têm de conhecer o paradeiro de pessoas tão queridas. 
Já o presidente da OAB/RJ, Wadih Damous, disse que esse dia vai entrar para a história da entidade: “Estamos aqui cumprindo um dever. O povo brasileiro sabe que a OAB nunca se limitou a meras questões coorporativas. Ela sempre foi um porta-voz do povo brasileiro e hoje não podia ser diferente. Lutamos para que, na dialética da memória e do esquecimento, o esquecimento não prevaleça.”
Marcello Oliveira, tesoureiro da OAB/RJ, assinalou que não se trata de torturar os torturadores:  Queremos a verdade. “Esperamos que essa campanha conte com o apoio de toda a sociedade. Que seja tão estrondosa que todos os governantes sejam obrigados a ouví-la”
Artistas de expressão nacional como Fernanda Montenegro, Glória Pires, Osmar Prado, José Mayer, Eliane Giardini e Mauro Mendonça gravaram gratuitamente depoimentos para veiculação na TV, em apoio à campanha. 
Várias emissoras já se prontificaram a veicular, também gratuitamente, os  filmes, nos quais os atores vivem os desaparecidos políticos Sonia Angel,  Eleni Guariba, Maurício Grabois, David Capistrano, Ana Rosa Kucinski e Fernando Santa Cruz, respectivamente.  Da mesma forma, a rede de cinemas dos grupos Estação e Unibanco, o Cine Santa Tereza e o Ponto Cine veicularão os depoimentos.
A campanha organizará ainda um abaixo-assinado, que posteriormente será encaminhado a autoridades do Executivo e do Legislativo, em apoio à abertura dos arquivos. Na internet, no portal da Seccional OAB-RJ, haverá um link para a assinatura do manifesto em defesa da abertura dos arquivos. A fachada e a lateral da sede da OAB já estão revestidas com grandes painéis da campanha, nos quais a pergunta central é: “Será que essa tortura nunca vai acabar?”
A OAB/RJ considera que o desenvolvimento de campanhas como esta é um dever da instituição, na luta pela democracia e pelo Estado de Direito. O conhecimento pleno do que aconteceu no País nos chamados anos de chumbo é não só uma aspiração das famílias dos desaparecidos políticos – que têm o legítimo desejo de dar-lhes uma sepultura digna -, como um direito inalienável da sociedade. 
“Além de ser um direito das famílias saber o que aconteceu com seus filhos, pais, maridos e mulheres, é também preciso que as novas gerações tenham acesso aos episódios que marcaram o nosso  passado, para que o arbítrio não tenha futuro no Brasil”, afirmou Wadih Damous, presidente da OAB do Rio de Janeiro
Compuseram a a mesa de abertura o ministro da Secretaria de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, o presidente do Conselho Federal, Ophir Cavalcante, o ex-presidente do Conselho Federal, Eduardo Seabra Fagundes, o presidente da Seccional, Wadih Damous, a vice-presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Sueli Bellato, a presidenta do grupo Tortura Nunca Mais, Cecília Coimbra, o presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), Henrique Maués, o presidente da Associação Brasileira da Imprensa (ABI), Maurício Azêdo, além de representantes estudantis e da Diretoria da OAB/RJ.