“O movimento de engenheiros sempre esteve presente na luta pela construção de uma sociedade fraterna e igualitária”, Carlos Roberto Aguiar

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De Coordenação à Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge). Quem conta esta história é o primeiro presidente da federação, Carlos Roberto Aguiar, trabalhador do setor elétrico, que também foi presidente do Senge, em Pernambuco.

Você assumiu a primeira presidência da Fisenge. Como foi o momento de transição de coordenação para federação?

Essa decisão de transformar a Consenge em Fisenge aconteceu no Congresso realizado no Rio de Janeiro, onde eu também fui eleito o primeiro presidente. No início, foram muitas as dificuldades tanto no campo político como no financeiro. A FNE dificultava ao máximo possível a nossa legalização junto ao Ministério do Trabalho e, sem a legalização, não poderíamos receber o imposto sindical. Com muita luta e apoio de companheiros e sindicatos, reunimos os sindicatos do mesmo campo político e conseguimos entrar no Confea para conquistarmos assento no Colégio de Entidades Nacionais (Cden).

A década de 1990 foi um período marcado pelo avanço do Estado mínimo e do neoliberalismo. Poderia contar um pouco sobre esse momento histórico e a intervenção do movimento de engenheiros?

A década de 1990 foi marcada pela greve nacional dos trabalhadores do setor elétrico, da qual eu participei. Como presidente do Senge-PE, fui demitido da Chesf. O governo de Fernando Collor foi um momento de privatizações não somente setor elétrico, como também no de telecomunicações; tivemos um grande número de demissões, a extinção do planejamento a longo prazo das empresas. Nessa época, sobrava vaga nos cursos de engenharia, até porque não havia vaga no mercado de trabalho. Lutamos bravamente contra a privatização do setor elétrico; das telecomunicações, da CSN; da Vale. Considero que os anos de 1990 foi uma década perdida para o país.

20 anos depois, o que mudou e o que precisa avançar?

Hoje, avançamos muito, mas ainda enfrentamos as consequências nefastas da década de 1990, como a alienação de grande parte da juventude; e ainda enfrentamos uma inversão de valores muito cruel. Ao invés de solidariedade, vemos o individualismo predominando nas relações. Precisamos romper com esta mentalidade mercantil e o movimento de engenheiros sempre esteve e está presente na luta pela construção de uma sociedade fraterna e igualitária.