“O Estado tem que ser indutor da economia”, afirma engenheiro em defesa da retomada da indústria naval

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Texto: Sindimetal

O Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro organizou, na última quinta-feira (28/11), o debate “As transformações no mundo do trabalho e seus impactos na produção e na vida dos trabalhadores”. O debate reuniu representantes de centrais sindicais, do Governo do Estado, da Fiocruz e a deputada estadual Enfermeira Rejane, onde se discutiu a situação do Rio de Janeiro e perspectivas para a classe trabalhadora.

O debate foi coordenado pelo presidente do Sindimetal-Rio, Jesus Cardoso, que destacou a situação no Rio de Janeiro: “Estamos no quinto ano de crise e vivemos no estado mais debilitado dentre todos os entes da federação, onde a violência impera há muito tempo. Precisamos buscar uma saída coletivamente”.
Após a fala de abertura, Jesus compôs a mesa de debate com o Subsecretário de Trabalho e Renda do Governo do Estado do Rio de Janeiro, José de Souza e Silva; o representante da Fiocruz, Luiz Carlos Fadel; o Presidente da CTB-RJ Paulo Sérgio Farias; o Presidente da CUT-RJ Sandro César e o presidente da FISENGE, Clovis Nascimento.
O Subsecretário de Trabalho e Renda do governo do Estado do Rio de Janeiro, José de Souza e Silva, admitiu o grave quadro de desemprego vivido pelo Rio de Janeiro, culpando governos anteriores pelos problemas atuais. Afirmou que a Secretaria estava aberta aos sindicatos na busca por soluções e prometeu a conquista de 500 mil vagas com carteira assinada em 2020.

O presidente da FISENGE, Clovis Nascimento, valorizou a centenária história de lutas do Sindimetal-Rio e apontou o golpe de 2016 como um dos responsáveis pelo momento vivido pelo Rio de Janeiro. “Uma decisão política equivocada que jogou mais de 100 mil trabalhadores no desemprego, os trabalhadores do setor naval”, afirmou.
O engenheiro ainda apresentou os graves números de desemprego no Rio de Janeiro e defendeu o papel do Estado na retomada econômica fluminense. “O Estado tem que ser o indutor da economia. Não dá para economizar fazendo navios no exterior. Precisam ser construídos aqui, para gerar emprego e movimentar toda cadeia produtiva metal-mecânica”, defendeu. Para o Presidente da FISENGE, os métodos da Operação Lava Jato têm responsabilidade na atual crise. “A Operação Lava Jato tirou mais de 142 milhões de reais da economia brasileira, paralisou obras, fechou empresas nacionais de engenharia e promoveu desindustrialização. Somos contra a corrupção, mas queremos que quem pague seja o CPF, não o CNPJ”, disse.

O presidente da CTB-RJ, Paulo Sérgio Farias, exibiu o documentário “Parte da Sua Vida”, uma produção da CTB Nacional que apresenta os danos que a ausência de sindicatos pode trazer para a vida dos trabalhadores e trabalhadoras. Paulo Sérgio defendeu o setor naval como “parte estruturante do projeto nacional” e afirmou que, com o desmonte, “todo setor integrado à indústria também foi prejudicado”. Ele também fez análise da situação vivida pelo Rio de Janeiro e apresentou o que considerou um caminho a ser seguido: “Aqui, no Rio de Janeiro, temos 1,5 milhão de desempregados e 15 mil de famílias morando nas ruas. A constatação dessa realidade está embaixo das marquises do centro da cidade ou em qualquer canto da região metropolitana. Queremos que se destravem as obras do Rio de Janeiro. Existem 1.300 obras paradas no Rio de Janeiro”.

Paulo Sérgio também cobrou um posicionamento firme do governo contra a privatização da CEDAE e contra a privatização das outras estatais. “O Governo estadual precisa dizer que não aceita a privatização das estatais do Rio de Janeiro. Privatizar as estatais é um prejuízo enorme para nossa economia. O estado não pode abrir mão da sua principal empresa, que é a CEDAE”, pontuou.

Sandro Cézar, presidente da CUT Rio, lembrou o importante papel dos sindicatos na construção da democracia brasileira. “Os sindicatos foram fundamentais na luta pela redemocratização, pelos direitos das mulheres, na promulgação da Constituição Federal de 1988 e na eleição do primeiro operário presidente do Brasil, que quis o destino, que fosse um metalúrgico”, destacou Sandro, que ainda defendeu a construção de um movimento em defesa do Estado do Rio de Janeiro, lembrando que “defender as estatais é defender o Rio de Janeiro”.

Último a falar no debate, o representante da Fiocruz, Luiz Carlos Fadel ratificou a intensificação da aproximação do sindicato com a base, num sentido de base para além dos filiados às entidades e defendeu aproximação com as universidades para produção de conhecimento: “as universidades precisam ser convocadas a participar de um processo de participação e produção de conhecimento”, indicou.

Fonte: Sindimetal
Foto: Comunicação Sindimetal