O coordenador nacional do Movimento dos Sem-Terra, João Pedro Stédile, acredita que o modelo de Estado está em crise e precisa ser radicalmente reformulado. Esta foi a questão central da fala de Stédile durante o III Simpósio SOS Brasil Soberano, realizado no dia 8/6, em Belo Horizonte. Segundo João Pedro Stédile, o modelo gestado para fazer a burguesia industrial enriquecer acabou. “Quem domina hoje é o mercado financeiro, que acumula sem o Estado e sem a necessidade da estabilidade do trabalho. Eles não precisam mais de regras, porque o capital financeiro acumula e basta garantir um bom gestor. “, explicou.
Ainda de acordo com Stédile, o capitalismo sempre que entra em crise promove a destruição do capital acumulado (trabalho humano e bens materiais), para que, com a destruição, seja aberto um novo ciclo de acumulação. “Quando há crise do capital, as grandes empresas vão para os países periféricos e nos impõem condições cada vez mais draconianas. É a guerra que destrói. Bush tentou fazer isso apelando para a guerra quando eclodiu a crise internacional. Fizeram dos povos do Oriente as vítimas. Acabaram com a Líbia, Afeganistão e agora com a Síria. A guerra não resolveu o problema da crise do capitalismo e hoje não estão sabendo, do ponto de vista de acumulação, sair da crise”, contou.
Stédile citou a teórica Rosa Luxemburgo: “Rosa avisou que para os capitalistas, a forma de obtenção mais rápida das maiores taxas de lucro extraordinário é a apropriação de forma privada dos bens da natureza. Não há fábrica no mundo que dê mais lucro do que apropriação da naturea. Começaram com pré-sal e querem privatizar as terras brasileiras”, alertou. De acordo com Stédile, a forma de Estado está em crise que não será resolvida hoje, nem amanhã e nem com eleição de Lula, porque crise tem raízes na natureza da origem do Estado burguês.
Por isso, Stédile acredita que o caminho é a realização de uma assembleia constituinte popular para reformular a forma do Estado funcionar. “Apresentamos um plano popular de emergência por meio da articulação entre as Frentes Brasil Popular Povo Sem Medo, centrais sindicais, movimentos religiosos, correntes do PMDB, entre outros setores. Temos que discutir um projeto de país, a partir de nova articulação das classes sociais e pensar uma nova economia baseada necessariamente na indústria e agricultura. O Estado tem que ser reformado e defendemos uma Assembleia Constituinte Exclusiva e Popular para reformar o Estado”, defende Stédile.
Redação: Marcelle Pacheco (Senge-RJ)
Edição: Camila Marins (Fisenge)
Foto: Alessandro Carvalho
A Revolução Russa de 1917, que completa 100 anos em 2017, foi lembrada como uma situação em que o povo foi capaz de lutar contra um Estado que não a representava.
Diretas Já
“Estamos repetindo o grande arco de aliança de 1984, que conquistou a democracia nas ruas. Agora a tarefa é dialogar com outras forças para ampliar a rede. Vamos realizar uma sequência de atos públicos no maior número possível de cidades. Na Frente Ampla Nacional pelas Diretas Já fazem parte todos os partidos de oposição, alguns deles que saíram da base golpista, e algumas correntes do próprio PMDB, que apoiaram os golpistas, todas as centrais sindicais, todas as denominações religiosas, todas as grandes entidades nacionais e a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo.”
Periferia do mundo
“A crise econômica instalada no Brasil e no planeta tem suas raízes no modo capitalista de funcionar. Essa crise apareceu por volta de 2008 e depois, como tsunami, foi se espalhando. Nós, que estamos na periferia no sistema capitalista, sofremos um impacto maior. Apesar dos avanços sociais, a economia brasileira nunca deixou de ser dependente. E quem manda é o capital financeiro. Essas empresas vão para periferias do mundo, onde estão os subalternos, para aumentar a exploração, seja ela do trabalho ou da natureza.”
o mercado financeiro que acumula sem Estado e sem necessidade da estabilidade do trbaalho.