Prefeitura quer extinção do cargo de cobrador e a demissão de 6 mil trabalhadores que atualmente operam o sistema.
A Prefeitura de Curitiba enviou à Câmara de Vereadores, no dia 25 de outubro, uma proposta de alteração legislativa para autorizar a implementação exclusiva do sistema de bilhetagem eletrônica no transporte coletivo. Na prática, a medida significa a extinção do cargo de cobrador e a demissão de 6 mil trabalhadores que atualmente operam o sistema.
A justificativa para a mudança é que a função incentiva os crimes de assalto dentro dos ônibus e nas estações tubo. No entanto, é preciso atentar para os fatos: segundo dados da própria URBS, o custo da folha salarial representa 38,26% da tarifa técnica – aquela que é repassada para os empresários ao final do mês de operação. Com a demissão dos cobradores, o custo dos empresários irá reduzir drasticamente, e não houve qualquer sinalização, por parte da prefeitura ou dos empresários, de que a tarifa terá redução proporcional.
Hoje, cada usuário paga R$ 4,25 para andar de ônibus na cidade. Para cada usuário que paga R$ 4,25, os empresários do transporte ganham R$4,71. Essa conta não fecha. Greca inclusive já sinalizou que pretende voltar a subsidiar o transporte de Curitiba com ajuda do Governo do Estado, o que gerou, em 2015, a crise da desintegração da Rede Integrada de Transporte (RIT).
Lembramos que o transporte público de Curitiba passa por crises desde a licitação de 2010, que é alvo de denúncias de fraudes e levou 14 pessoas a se tornarem rés em uma investigação criminal, entre elas membros da família Gulin e antigos diretores da URBS. No final de 2017, foi implementado um acordo entre empresários e a gestão de Rafael Greca (PMN) para a renovação da frota, mas o que pode se perceber até hoje é apenas o aumento gradual da tarifa. Esses são apenas alguns exemplos da completa ingerência que se instalou no transporte público da capital paranaense.
O Sindicato dos Engenheiros do Paraná é contra a demissão dos 6 mil cobradores do sistema de transporte. A solução para a segurança dentro dos ônibus passa por uma política mais ampla de qualidade e gestão responsável do transporte público e pelo fortalecimento dos setores de inteligência das Polícias Militar e Civil. Do jeito que se propõe, a extinção de 6 mil postos de trabalho aumentará o quadro de recessão econômica que assola o Paraná e o Brasil, enquanto aumenta a margem de lucro dos empresários do transporte de Curitiba.
Curitiba, 7 de novembro de 2018
Fonte: Senge-PR