No dia 8 de junho, uma notícia do jornal Valor Econômico acendeu um sinal de alerta para o risco de venda de ações da Copel. Segundo a reportagem, a empresas paranaense avança na oferta de ações com a intenção de captar R$ 4 bilhões. De acordo com informações divulgadas pela empresa, as dívidas da Copel somam R$ 2,7 bilhões.
Em nota divulgada pela empresa no mesmo dia, é apresentado o ofício do Superintendente da bolsa de valores BOVESPA, Nelson Barroso Ortega, em que afirma não ter identificado informações sobre possível venda no “Sistema Empresas.NET”, por meio do qual a Copel deve noticiar este tipo de movimentação de interesse de mercado, conforme obrigações junto à Bolsa de Valores.
No entanto, a nota termina com a confirmação de que a empresa “avalia” fazer uma oferta de ações para “otimização de caixa”. O que leva a crer que parte da informação divulgada pelo Valor é procedente. O documento é assinado pelo Diretor de Relações com Investidores da empresa, Adriano Rudek de Moura.
Uma possível venda de ações direta da empresa ao mercado, nos moldes usualmente usados por empresas privadas (IPO) também deve ser monitorada de perto. Caso ocorra, é importante que a proporção de ações que o governo do Paraná detém permaneça acima dos 50% do total, sob pena de perda do controle acionário majoritário da companhia.
O governo do Paraná já tem caminho livre para a venda de ações das mais importantes empresas públicas do estado. No segundo semestre do ano passado, o governo Beto Richa contou com apoio da maioria na Assembleia Legislativa e aprovou a lei que autoriza que o executivo estadual vende ações ordinárias da Copel e da Sanepar. O Senge Paraná, em conjunto com outras entidades representativas de trabalhadores de diversas categorias profissionais, posicionou-se contrário ao Projeto de Lei. No caso da Sanepar, já houve venda de ações. No caso da Copel, o Estado detém 58,62% das ações ordinárias.
A partir das esparsas informações divulgadas até agora, não é possível saber qual a pretensão do governo ao cogitar a venda de ações, e qual seria a destinação total do recurso levantado. O cenário de crise financeira tem sido utilizado como justificativa para o avanço da privatização das empresas e dos recursos públicos brasileiros. E não é diferente no Paraná.
Manifestamos nossa preocupação com esta sinalização para a venda de ações da empresa, pelo risco que pode significar ao controle acionário do poder público. Reafirmamos nossa posição em defesa da Copel voltada para os interesses da população paranaense e com controle majoritário nas mãos do Estado.