Na última semana, um professor do departamento de engenharia elétrica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), na Paraíba, publicou nas redes sociais declarações que atentam contra os direitos e a imagem das mulheres e refletem misoginia e machismo. Em seu comentário, o docente Francisco das Chagas Fernandes utilizou palavras de baixo calão e desqualificou a competência profissional das mulheres. Há mais de 40 anos, a UFCG forma mulheres engenheiras que, hoje, são respeitadas no mercado de trabalho, no ensino e na pesquisa. Este tipo de atitude reflete o machismo estrutural presente na sociedade brasileira que considera a mulher como objeto, como inferior ou mesmo como a única responsável pelo trabalho doméstico não remunerado. Os movimentos de mulheres e feministas reivindicam historicamente igualdade de oportunidades e transformações sociais, além de denunciar violências físicas, emocionais, patrimoniais, simbólicas e virtuais. Sabemos que a engenharia é uma área majoritariamente ocupada por homens e, nós, engenheiras organizadas no Coletivo de Mulheres da Fisenge, atuamos há 12 anos pelo respeito ao trabalho das profissionais, pela igualdade de direitos e de salários, pelo fim das violências e do machismo e pela ocupação dos espaços de poder. A declaração do professor representa violação de direitos humanos, além de atentar contra o código de ética. Diante de tal atitude, é ainda mais urgente falar sobre gênero nas escolas e nas universidades. E isso significa estudar sobre a Lei Maria da Penha, falar sobre os inúmeros tipos de violências, o feminicídio e as desigualdades que assolam as mulheres na política, no mundo do trabalho, na economia e em seus direitos básicos. É inadmissível que um professor reproduza discursos de ódio. Manifestamos o nosso repúdio às declarações misóginas e machistas do docente e conclamamos todas as mulheres engenheiras a se organizarem em coletivos nos sindicatos e nas universidades.